A chuva deu uma trégua e eu aproveitei para ir lá para fora com o cão. Eu precisava caminhar… Dar aos pés o movimento de passos, oxigenar a mente, a pele. Expandir o meu horizonte, ir além das cortinas-vidraças, sentir o cão em que piso e estar presente quando alguma coisa acontecer…
A ao chegar a praça, que fica bem no meio do passo, pouco depois da casa que ganha novos recortes — toda semana — me deparei com uma cena peculiar: uma mãe ralhava pesado com o filho.
Repleto de audácia, ele pulava — incansável — em uma poça d’água. Uma belíssima cena matinal que me fez sorrir e o meu imaginário misturou-se a ele, unindo os nossos cardeais.
Mas a mãe do menino não gostou de apreciar o espetáculo. Reclamou em voz alta do estado dos pés e da calça. O menino não se importava — ocupado que estava com a quantidade de água que espalhava, molhando inclusive os sapatos da mãe, que — em estado de fúria — o puxou pelos braços, arrastando-o pela calçada.
Com o dedo em riste, chamou a atenção dele. Estava disposta a arrancar o sorriso dos lábios do filho. Parecia dizer: você vai parar de rir. E foi triste vê-lo se encolher até quase desaparecer. Ela foi tão dura, ríspida e severa. Não sei com quem realmente estava zangada. Mas não era apenas com o menino… e a sua infância primeira.
Assisti tudo de longe e ao vê-lo desmoronar diante da mãe… reagi. Num impulso tipicamente sagitariano… decidi imitá-lo, fazendo feliz as minhas memórias, o meu imaginário e todo o meu corpo. Pulei na poça, molhando os pés, a barra das calças e tive a companhia do cão, que pulou-latiu e juntos arrancamos risos do menino, que cobriu a boca com a mão, tentando não desagradar a mãe uma vez mais.
Eu me senti satisfeita ao reparar que a tal mãe bufava. Ela tinha fechado os punhos e se pudesse, sei que viria para cima de mim e me arrancaria da poça. Mas nada pôde fazer contra mim e o meu cachorro que iria precisar de um banho, tanto quanto eu.
Lindo, lindo, lindo… quando cheguei ao desfecho ri alto.
Muito boa a sua narrativa querida. Me envolveu e me fez participar de toda a cena.
Você está cada vez mais afiada.
Uma pena você estar em Paris e eu em viagem ao exterior ou tomariamos um café.
Beijos.
Ah Lunna, que delícia de crônica.
0o0
Olá … Fui visitar o antigo e só depois dei com este novo espaço… gostei mto.
Tb gostei mto deste texto mesmo mto… mas quero voltar a ler amanhã…
beijinhos das nuvens
Ah, o passeio pós chuva foi bastante agradável e que bom que nos levou com você. Eu senti os pés molhados de chuva e lama… E que linda fotografia para ilustrar o texto
Beijos
Eu me diverti com o desfecho…
Ri alto aqui e quase atraio a atenção do bloco onde trabalho.
Culpa sua, dona Lunna.
Bj.
Querida Lunna,
As mães tendem a ser severas para educar os filhos que precisam de limites.
E tenho certeza de que ela realmente pensou em arrancar o mau exemplo da poça, no caso você. hehehehehe
Com carinho,
Leonor Cordeiro
Olá… Passei por aqui e gostei muito do blog.
Parabéns e felicidades
Oi Lunna!
Muito bom o seu conto, ou seria apenas um narrativa sua, em primeira pessoa?
Também fiquei com essa dúvida. Menina, você nos encanta e lhe confesso que adoro a dúvida que sua escrita provoca em mim.
beijos querida,
Olá Lunna! Como vai?
Que cena mais pitoresca.
Sabe que toda vez que a leio fico em dúvidas?
Não sei até que ponto é real ou apenas a ficção que você cria.
Tenho certeza de que esse meu comentário a fará sorrir.
E grata pelo convite para ler o seu primeiro trabalho, que você chama de rascunho. Foi maravilhoso ler-te. Eu me senti como se tivesse diante de um romance do século XIX, um romance Romântico. O Romantismo é uma das minhas escolas literárias preferidas e adoro quando encontro algumas das características do Romantismo nos romances dos escritores contemporâneos!
Enfim, adorei! E aguardo ansiosa pelo próximo capítulo! =)
Beijos!
Querida Lunna,
Lindo conto, adorei a sua reação ao pular na poça, eu não faria isso. Mas me diverti com o olhar da mãe, de quem senti alguma pena porque sei que deve ter um motivo para ser assim e pensar nisso me faz menor, mas entendo a defesa da inocência do menino que não pode ser punido pelo horror que a mãe carrega.
Ps. Ah, que interessante o sonho que você teve comigo! Fiquei curiosa… Eu gostaria de saber o que eu estava lhe dizendo. Hum, talvez seja minha deteminação em levar adiante a segunda parte de um livro infanto-juvenil. Quando o encontro do chá acontece nos sonhos, é um aviso de que acontecerá no plano real!!!
Beijos, com carinho.
Que cena deliciosa.
Adorei e me senti pulando junto com vocês dois e afrontando essa mãe boba e rude.
Bjos…
Texto delicioso, ri até!
parece que eu viajei no tempo… eu até fiz uma poça no quintal – não chove aqui a 86 dias, segundo o moço do rádio – e Lolla refugou, mas Yoshi adorou e me repetiu minhas ações…