Doze horas / Pelos caminhos da rua / Preso em síntese lunar / A sussurrar encantos lunares / Dissolvem-se os assoalhos da memória / E suas relações claras / Divisões e precisões, / Todo poste que passo / Bate como um tambor fatalista, / E pelos espaços do escuro / A meia-noite chacoalha a memória / Como um louco chacoalha um gerânio morto.
— T.S.Eliot
Tradução de Adriano Scandolara
1 — Gosto imenso da noite… principalmente nas primeiras horas, quando a cidade começa a se transformar num grande borrão de tinta no canto da mesa. As sombras igualam as formas… eu preparo uma xícara de chá e espero…
2 — Passa das seis… a noite se esparrama pelos cantos da casa-pele-alma-cidade e me faz relembrar os aromas antigos… gosto imenso desse cair de pano. Ingredientes escolhidos-lavados-descascados-picados. Panela no fogo. Mesa posta e os sabores se deixam provar…
3 — Passa das nove… há sempre um ângulo novo-diferente-inédito… de luz. Janelas acesas. Portas fechadas. Ruas vazias… há algo de catedral no ar… o silêncio se observa em meio a qualquer coisa de som… os passos, a respiração, o cuore dentro do peito e a imaginação, que é como o tic tac de um carrilhão nervoso, que emerge de meu passado.
4 — Quase meia noite... metade-pedaço. A noite faz com que a vida fique em suspenso… o tempo não passa, mas as horas avançam rapidamente dentro do sono-sonho de alguns ou dentro dos vazios de outros. Eu viro as minhas páginas…
5 — Quase duas… me apetece sempre ficar-estar… verbos facilmente conjugados dentro das noites, que nessa época do ano, começam a acontecer um bocadito mais cedo. As paredes do lugar vão esmaecendo gradativamente e o corpo começa a ter a função de casa para a alma. Função de aconchego modo on…
6 — Quatro e dez… o melhor da noite é o verbo que eu conjugo na minha própria pele: anoitecer… entre livros, cadernos, chopin, uma xícara de café e todos as terríveis formas de silêncios que eu bebo em pequenos goles…
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Participaram também
Cilene Bonfim | Isabele Brum | Mariana Gouveia | Obdulio Nuñes Ortega
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Eu já desconsidero a parte de mim que fica repetitiva ao vir aqui e palavrear depois de ler um texto… sempre gosto da cadência e de como as palavras soam em minha mente. Este, em especial, eu apreciei muito a forma como cada uma das palavras se encaixam com os parágrafos que as fotos também formam, afinal, elas também estão aí como palavras fotografadas que me dizem muito…
O tom da que não foi foi colocada em P&B, o destaque do lençol vermelho, que combina com a cor que sei que faz parte da embalagem do Kit Kat (que não sou fã, admito… rsrs). E tem Carol em cima da cama, que quero ler. E penso também no vermelho dos tomates. Acho que estou começando a associar você a sempre que vejo a cor vermelha por aí… não seria novidade e tampouco sem motivo, não é mesmo!?
xoxo
Rê
Lunna sou totalmente diurna!!! Não significa que não gosto da noite, mas, gosto das primeiras horas em que ficamos largados no sofá!!! E aproveitamos o restante dormindo!!!!
Abraços
Aí Lunna, seus posts são sempre tão incríveis e inspiradores! A forma como você combina palavras e fotos é sensacional, de verdade. Parabéns ❤
Gosto muito da noite e da calmaria que vem com ela, especialmente no aconchego de casa, no conforto do meu quarto, com um bom livro – ou filme! – e uma xícara de café ou chá junto.
Beijinhos
quando eu crescer quero escrever como você!