Pedreira
Paul Auster
Não mais que seu canto. Como se
o canto e só
nos tivesse trazido até aqui.
Estivemos aqui, e nunca estivemos aqui.
Estivemos a caminho de onde começamos,
e estivemos perdidos.
Não há fronteiras
na luz. E a terra
não nos deixa palavra
por cantar. Pois o desmoronamento da terra
sob os pés
já é música, e andar entre essas pedras
é nada ouvir
além de nós.
Canto, portanto, o nada,
como se fosse o lugar
a que não volto —
e se vier a voltar, então conta minha vida
nessas pedras: esquece
que jamais estive aqui. O mundo
que caminha em mim
é um mundo além do alcance.
[Todos os poemas]
Paul Auster
Companhia das Letras
“já é música, e andar entre essas pedras
é nada ouvir
além de nós.”
Acho lindo demais essa parte!
A cada vez que leio esse poema, uma parte diferente me cala… e hoje me calei com você.
Te amo