Minha paixão por livros começou na infância! — mas nunca fui uma colecionadora de livros. Embora tivesse a casa duas bibliotecas distintas que pertenciam as adultos e não a mim.
Eu tinha uma dúzia de livros — favoritos — lidos e re-lidos um sem-fim de vezes. Estavam sempre ao alcance de minhas mãos. As poesias de Emily Dickinson, Goliarda Sapienza, e Amélia Rosseli tinham seus lugares de destaque em meu criado-mudo. Eu preferia as pequenas pilhas de livros em cima da minha mesa de estudo a vê-los enfileirados em uma estante.
Prateleiras repletas de livros era coisa para a Biblioteca pública — um dos meus lugares favoritos na cidade —, que eu visitava semanalmente e de lá saía com dois livros, com prazo de devolução. E a escolar, para onde eu fugia diariamente — o meu esconderijo quase secreto, onde eu tinha uma cúmplice, que me apresentou a Fiodor Dostoiévski, Charles Baudelaire, Agatha Christie e tantos outros, que eu lia em segredo…
Ao me mudar para São Paulo, trouxe dois ou três livros comigo — escolhidos com o cuidado de quem tem consciência do vôo… e não do pouso. Na semana seguinte à minha chegada, ao andar pelas ruas do centro velho, esbarrei numa livraria… entrei e ao vasculhar o cenário-lugar, esbarrei no exemplar de Álvaro de Campos — companhia das letras — e o levei comigo. Estamos juntos e felizes desde então.
Nesse mesmo dia, conheci a Biblioteca Mário de Andrade, fiz meu cadastro e passei a ser figura constante no sagrado templo literário paulistano — preservando o ritual de não comprar livros, preferindo tê-los comigo pelo tempo do empréstimo.
Mas, no ano seguinte ao meu pouso… descobri a Livraria Cultura — conjunto nacional — e me deixei seduzir pela proposta indecente: pegar um livro na prateleira e ir me sentar em algum lugar… como se fosse a sala de casa, para ler sem compromisso de compra. Embora, às vezes, saísse de lá com as mãos cheias e os bolsos vazios. Toda a minha coleção de Borges veio de lá…

E, como a quantidade de livros aumentou significativamente… meu menino providenciou uma prateleira de livros, feita com madeira de demolição. Ficou linda… uma dúzia e meia de livros meus-nossos, lidos e re-lidos, enfileirados e organizados em ordem alfabética…
Mas, a mania de espalhar livros pelos cantos da casa não se perdeu… e vez ou outra, eu precisava sair recolhendo-os para devolvê-los — consciente de que não ficariam lá por muito tempo.
Quando nos mudamos para Moema (zona sul de São Paulo) adquirimos caixas de feira envernizadas. Colocamos uma sobre a outra, ao lado de minha mesa de trabalho… apenas para facilitar o acesso porque ao escrever, sempre recorro a algum livro. Ao ler, faço o mesmo. Vou para a cozinha-sala-banheiro e levo um ou outro livro comigo.
Não existe melhor maneira que cumprir um ritual de espera… uma xícara de chá e um livro em mãos faz com que toda e qualquer espera seja apenas um hiato entre um momento e outro…
Com as caixas de feira, no entanto, adquiri outro hábito… o de descer todos os livros, limpá-los e re-organizá-los… separando os lidos dos não lidos, criando pilhas que serão levadas aos sebos — lugares incríveis que a cidade inventa e reinventa — para venda-troca. Já tenho bem mais que duas dúzias de livros e o número de favoritos aumentou consideravelmente desde a minha chegada. Os de poesias seguem em maior número e, creio, que tal condição é imutável. Mas, o ritual de ir à Biblioteca e tomar emprestado dois livros que serão lidos no tempo do empréstimo — ainda que precise ser renovado — permanece. Certos hábitos — saudáveis — merecem ser preservados.
E eu gosto imenso de pensar nas mãos-olhos-nervos-e-músculos que passaram pelo exemplar que hoje me pertence — por um punhado de dias…
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Rupi Kaur é um amor sem palavras, só sentimentos ❤❤❤❤
Gosto de Rupi, mas nem de longe a minha favorita. Tenho dois livros dela, que se parecem em estilo e escrita. O segundo eu ganhei ou não teria comprado.
Mas, eu sou uma leitora de poesias, sou o tipo de pessoa suspeita para falar de poetas-mulheres-incríveis. Leia Emily Dickinson ou Anne Sexton (muito mais visceral que Rupi) ou aqui do Brasil, eu lhe sugiro uma jovem poeta que conheci recentemente, a Anna Clara de Vitto, uma tempestade a cada página.
abraços carissimo
Adorei as caixas de feira com livros, mas eu me diverti muito ao imaginar o seu passeio pelos cômodos para recolher os livros deixados por aí, após a leitura. E o seu ritual de infância é maravilhoso, mais gente deveria fazer isso, eu inclusive, que só fui umas duas vezes a Biblioteca da minha cidade. Vou me programar para fazer isso e pegar livros emprestados e usar o prazo como rotina para as minhas leituras. Adorei isso.
bisous
Ah, bibliotecas públicas são maravilhosas, aqui em São Paulo tem uma que eu ainda não conheço e isso me cobre de vergonha porque inaugurou há anos. Vivo dizendo que irei até lá e ainda não fui.
Enfim, irei… ainda este ano (aff)
bacio
Que lindo, Lunna!!
Gostei muito da sua organização! Eu também, apesar de ter os meus, que não são poucos, nunca perco o hábito de ir a biblioteca.
Amei participar dessa blogagem.
Bacio,
Ah, eu adoro ir a Biblioteca, ainda mais a Mario de Andrade, no centro de São Paulo… só o passeio até lá já vale a pena. rs
bacio
Oiii! Adoro quando você traz essa temática! Vi na sua estante alguns livros que gostei bastante, e confesso que super valorizei os seus artesanais, pois são de um capricho só! Feliz por ter retornado à Blogagem depois de quatro meses! Baccio!
Ah, os meus artesanais são um carinho só… mas eu sou suspeita para falar deles. Gosto imenso de sabê-los parte de mim e pensar neles a partir de mim, com as outras pessoas.
bacio cara mia e que bom que esta de volta
Oi Lunna!
Simplesmente apaixonada por seus cantinhos pros livros! Adorei a ideia da madeira de demolição e caixas de feira!
E que coleção artesanal lindíssima! Parabéns!
Bacio
Ah, os meus artesanais são os meus queridos, até porque são todos feitos por mim. Gosto de observá-los, são 05 anos de trabalho. uau, passou bem depressa.
bacio
Adorei conhecer um pouco mais sobre seus livrinhos♡
E esses livros artesanais são lindos!!!! E adorei a #orgulho hahaha e gostei bastabte também da caneca inspirada em seu blog.
É tão gostoso ir vendo nossa estante ir crescendo ao longo do tempo e nela haver um pouco de nossa história. Tenho um amigo que também fez prateleiras com caixas de feira. Algumas ele pintou, outras ele passou verniz. Ficaram lindas. Muito linda sua trajetória junto dos livros.
Bacio!!!
É interessante como você fala cada detalhe e eu acabo imaginando as cenas. Haha
Hoje em dia estou como você no passado, com apenas uma dúzia de livros preferidos. Sei que é maravilhoso ter uma estante cheia de livros, de vários autores e temas, mas ter escolhidos no cantinho da cama é caloroso. ♡
Que linda sua coleção! Adorei o tema dessa blogagem coletiva. É interessante conhecer os gostos de cada um.
A estante aqui de casa é bem diferente da sua. Tenho um monte de quadrinhos, graphic novels, livros de fantasia e infanto-juvenil e do outro lado porções de livros de psicologia, psicanálise e ciências humanas kkk
É incrível como livros são tão diversos, né?
Abraços!