
meu caro 2019… o ano seguinte ao seu, começou com um dia azul que eu não soube posicionar em nenhum mapa. Era quarta-quinta? Parecia mais um dia azul de sábado, com sol quente… e eu tirei as coisas todas do lugar para experimentar um movimento-outro-novo. Verifiquei os livros-cadernos. Queria trocar o lugar dos móveis. Mas, a única coisa a se mover foi o meu pensamento, que me levou de volta no tempo — antes de você… e seu conjunto intermináveis de dias.
Rememorei o último dia de um ano-outro. Estávamos na cozinha… conversas, risos soltos, ingredientes misturados na vasilha e as nossas mãos sujas de trigo-leite-ovos-açúcar-fermento-iogurte — era o nosso ritual de ano novo.
Não nos importávamos com fogos na noite de trinta e um. Nos enfiávamos em pijamas aquecidos. Xícara de chocolate quente em mãos… e a noviça rebelde na televisão. Sabíamos as canções todas e até as falas de alguns personagens.
Todo ano era a mesma coisa-cena-momento e, às vezes, parecia que não tinha passado um ano inteiro até aquele nosso momento.
Em seu dia último… não sei se você foi pontual ou não. Os diálogos embalados por risos soltos nos distraíram e de repente alguém anunciou: já é ano novo. Buscamos pelos ponteiros-números nos smarths, que diziam o antes e o depois — como se obedecesse ao Kairos de cada um. Nos abraçamos nos seus últimos minutos — ou nos primeiros do ano seguinte ao seu existir. Desejamos alegrias-sucesso-loucura-silêncio…
Eu fui até a janela apreciar a cidade e suas luzes coloridas e percebi que eu não soube lidar com os seus dias. Não foram todos ruins… nem seria possível ser. Houve dias intermináveis. Diálogos impróprios. Idas e vindas. Chegadas e partidas. Algumas pessoas se foram e eu percebi que não me incomodo mais com essas partidas repentinas. Aprendi a deixar ir… e, compreender o novo ritmo do mio cuore. E, por isso lhe sou grata.
Mas não precisava ter sido tão sisudo, exibir tantos dias de sol — a ex-moça do tempo disse que os teus dias foram os mais quentes dos últimos não sei quantos anos… eu não entendo essas estranhas medições humanas que não servem para nada.
As pessoas se mostraram dispostas as falas e, por isso, te denominei o ano da ignorância. Faltou paciência! Não soube lidar com as monótonas frases prontas, baseadas em opiniões umbilicais. Sobrou disposição para fugir de diálogos vázios-intermináveis que serviu para que eu percebesse que ser-ter inteligência não é grande coisa. A ignorância é uma condição humana que afeta a tudo-todos e não há vacinas para isso.
Me despeço de ti, dois mil e dezenove… dizendo em voz alta que não sentirei saudades. O dia primeiro-seguinte ao seu fim foi como deve ser, bem íntimo… com as mãos sujas de ingredientes e uma bela fornada de pães que me posicionou em um calendário-particular que não terá trezentos e sessenta dias — a minha soma é outra.
Au revoir
Adeus 2019… Feliz Ano Novo… 2020.
Feliz ano novo, minha cara… que a sua soma seja preciosa.
bacio
Lunneta,
Acordei em 2020 achando que era 1920.
Acontece…
P.
Acho que a maioria de nós, meu caro. .. acordou com essa sensação.
Eu ainda estou perdida nos dias. Acabo de perguntar que dia é hoje por aqui. rs
bacio, e feliz anos 20
minha soma junta -se com a sua!
Amo tu!