Escrever. Escrever. Escrever. Muitas vezes o mesmo texto… incontáveis vezes. Encontrar palavras no ar… que interpretem o que vai dentro. Nem sempre conquisto o resultado esperado. Insisto. Eu sou a própria metamorfose “kafakaniana”. Foram tantas as vezes em que acordei na pele de um bicho-monstro-coisa-outra.
Mas, ao contrário do personagem de Kafka, nunca houve susto. Apenas a constatação da loucura — foi saudável —, e não demorou para que eu entendesse que enlouquecer era uma saída-fuga. Uma maneira de permanecer invisível. Longe de tudo-mundo-pessoas… e suas sanidades-insuportáveis.
As histórias sempre têm começo. meio. fim. A realidade também. Mas é tudo tão modorrento-demorado. Sometimes, parece que nada acontece e de repente acontece tudo de uma só vez e é como entrar em uma centrifuga e fechar os olhos não basta.
Eu ainda me lembro do momento-lugar onde deixei de me incomodar com as coisas que não posso mudar-alterar. Baixei os olhos, respirei fundo e dei um passo à frente, sem saber exatamente onde iria pisar. Curiosamente, eu me lembro muito bem das ranhuras no piso — uma espécie de mapa para lugar nenhum. Das pessoas a me rodear — arrulhavam-alto… não como os pássaros. As gaivotas quando arrulham, é como um chamado.
Respirei fundo uma-duas-três vezes até me sentir leve. Meu corpo carregado pelos ares. No alto — em voos panorâmicos. Avistei os humanos, com seus pés enraizados em suas próprias ruínas e na condição de pássaro em plena ação de vôo… passei a observá-los, a aprender seus movimentos equivocados e a decorar seus gestos menores, seus diálogos imprecisos e suas cores desbotadas…
Escrever. Escrever. Escrever… são três verbos-poderosos. Alguém — em algum lugar — irá dizer que é apenas um. E eu espero que ao chegar a essa conclusão… leia o texto de novo!
| experimenta ler com trilha sonora |

Lunna, caríssima.
Li duas vezes, a primeira para perceber a sua escrita em mim. Verbos são sempre muito fortes e imprescindíveis. Complementam e fortalecem adjetivos, substantivos. Pena que hoje em dia usam tão mal. A maioria por aí repete frases pronas e só.
Ao menos você está aí a conjugar seus verbos e nos brindar com essa escrita que nos coloca para pensar.
bisous
Também está na minha lista de verbos preferidos! E que se completam com sonhos, insistência, respiração, amor e envolvimento! A somatória do verbo a alguns substantivos e adjetivos nos proporcionam iniciar, desenvolver e, muitas vezes com certa dó, concluir! Perfeitas escolhas!
Beijos!
Que máximo! Adorei ler o texto na primeira vez e depois na segunda com a trilha sonora. Não conhecia a banda e adorei a música. Já levei para a minha playlist.
Estou doida para ler um de seus livros.
beijocas
Escrever, escrever, escrever, ……………………..The long road.
Republicou isso em REBLOGADOR.
Adorei seu “escrever” nunca tinha pensado de forma tão profunda. Concordo com você e fico satisfeita que tenha lido esse texto nesse dia. Fez muito bem. Foi um pouco de luz nessa escuridão toda.
Aqui conjugando os três verbos. Uma hora aprendo! Excelente texto Lunna!
Uma escrita curativa… que vem da alma. Perfeito!
Tenho visto mesmo……….o blog está bem movimentado……….legal………..
………….escrever………….escrever……………..escrever!
Queria saber quem diria que ‘escrever’ é apenas um verbo, quiçá, acho que podemos encontrar bem mais que três contidos nele… mas, sem devaneios, ou com eles, fiquei, no mais popular termo ‘viajar da maionese’, a pensar sobre a metamorfose – que essa semana já me apareceu como referência em outra leitura e estou a pensar se é um chamado para que eu finalmente dê a Kafka outra chance, depois de conhecê-lo com a leitura de O Processo…
Bem, voltando a metamorfose… Image se o Homem-Formiga não seria mais interessante metamorfoseado, se, ao invés de apenas encolher e controlar os insetos, se virar um deles não seria mais caótico-vibrante-enlouquecedor. Talvez aí não fosse uma HQ… e o mesmo valeria para o Homem-Aranha, eu suponho. Mas já não sei como cheguei em “supers” homens… Ainda que Superman e os outros dois não sejam da mesma linha… E provavelmente já existe algum HQ com personagem que vire um inseto, tal qual a Rita Skeeter… Mas meus conhecimentos do gênero são um tanto quanto parcos…
De toda forma, o que importa é que adorei o texto e fiquei a indagar se hoje, na tempestade que queria me diluir, não acordei metamorfoseada…
xoxo
Rê
É tão bom escrever!
Quase uma terapia 👌