A faca não corta o fogo
Herberto Helder
que eu aprenda tudo desde a morte,
mas não me chamem por um nome nem pelo uso das coisas
colher, roupa, caneta,
roupa intensa com a respiração dentro dela,
e a tua mão sangra na minha,
brilha inteira se um pouco da minha mão sangra e brilha,
no toque entre os olhos,
na boca,
na reescrita de cada coisa já escrita nas entrelinhas das coisa,
fiat cantus! faça-se o canto esdrúxulo que regula a terra,
O canto comum-de-dois
o inexaurível,
o quanto se trabalha para que a noite apareça.
e a noite se vê a luz que desaparece na mesa, chama-me pelo teu nome, troca-me,
toca-me
na boca sem idioma,
já te não chamaste nunca,
já estás pronta
já és toda
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Publicado por Lunna
É sagitariana... degustadora de café.
Figura canina e uma típica observadora de pássaros.
Paciência lhe falta desde a infância.
Mas sobra-lhe sarcasmos para todas as coisas da vida que fazem mais barulhos que cigarras nos troncos das árvores.
Aprecia o silêncio e falas cheias.
As que se repetem com facilidade de boca em boca despreza...
Lacaniana por opção....
E completamente apaixonada por mulheres que usam a escrita como uma navalha afiada que corta enquanto é carne.
Escreve à noite e reescreve pelas manhãs.
Gosta de calçadas e corujas.
Anda sozinha ou acompanhada, tudo depende da fase... minguante é a sua preferida!
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“que eu aprenda tudo desde a morte,…”
Incrível como aqui a gente já tem a noção de se enxergar (ou tentar, ao menos) pelo avesso! Como se nus estivéssemos em contagem decrescente, sei lá! Sem nomes, sem roupas, sem tarjas ou definições, rótulos…
Mexeu em devaneios comigo profundamente!