
Abril chegou, passou e acabou! Foi um a.b.r.i.l diferente por aqui… com posts diários, por causa do B.E.D.A (blog every day april)… escritos na varanda, com janelas acesas, céu azul sol-chuva-lua… manhãs, tardes e noites de outono!
Foi como pensar-escrever um livro-diário… com “apenas” (?) trinta páginas. Escolhi o caderno — numa papelaria imaginária. Providenciei uma xícara… de café e me pus a escrever — entre goles —, os dias de Abril… que não tiveram a presença do poeta Eliot dessa vez e de seu poderoso verso: abril é o mais cruel dos meses…
Optei por deixá-lo na prateleira — em silêncio — porque a realidade se incumbiu de se apropriar dos versos The Waste Land — abril foi o mês mais letal na pandemia —, expondo-nos ao olhar do Poeta inglês que, ao observar o mundo pós guerra, descreveu um mundo devastado pelo homem, deixando todos os aspectos da humanidade estéreis.
[mistura memória e desejo, aviva agônicas raízes]
Publicado em 1922… o poema revela a desilusão sentida por Eliot, ao presenciar toda a destruição provocada pelo homem. Os poderosos versos atingiram em cheio toda uma geração perdida: Gertrude Stein, Ernest Hemingway e Francis Scott Fitzgerald… e respingaram em mim, que espia todo o horror contemporâneo da varanda e lida com a estranha sensação de que o poema — publicado há quase um século — tivesse sido escrito há pouco, forjado a partir das números de uma guerra que tem um inimigo invisível e outros tantos de carne e osso…
[Tomamos café, e por uma hora conversamos]
A escrita foi uma maneira de transbordar todas as sensações e emoções acumuladas com o passar dos dias, pelos cantos da pele-alma-mente. E mais uma vez a escrita preservou minha sanidade…
Abril acabou… o horror, no entanto, continua.
Abril [entre tantas coisas] é o mês do B.E.B.A e lá vamos nós…
e eu terei companhia nessa aventura diária
Adriana Aneli – Alê Helga – Claudia Leonardi
Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Roseli Pedroso
Abril letal… Quem abriu as portas do inferno? Quando ou quem a fechará? Se preservar com saúde física e mental tem sido o trabálho mais árduo de se fazer no confinamento. Quem nos salvou esse mês, com certeza, foi a escrita. Sigamos escrevendo.
Eis que se fecha Abril… Mês de fechamento de caixões desacompanhados de olhares de familiares e amigos. Mês e covas fechadas a ritmo de pressa, pressão e depressão. Sobrevivemos…
Um mês interminável de horrores. Deixa tanta dor. Sobrevivemos…