Quando fui convidada a participar do 6 on 6 (um projeto fotográfico… aceitei imediatamente. Não pensei no que significaria escolher 06 fotos a partir de um tema, todo dia 06… durante 06 meses. Levei em consideração apenas a minha paixão por registrar a realidade através de um simples clique.
Eis que chegou o primeiro tema — atos — e começou o meu drama pessoal. Olhava ao redor e só conseguia pensar na Ópera de Puccini — madame butterfly... o que me fez pensar nos meus principais movimentos dentro de um dia…

01 — Ah! O despertar… abro os olhos e espreguiço músculos e nervos. Não tenho pressa… gosto de sentir o instante, provar das premissas-substancias. Tatear superfícies, enroscar-me no outro… o primeiro Ato. É impossível qualquer outra coisa antes… da Abertura!

02 — Gosto imenso de apertar o botão da máquina de expresso… e ouvir aquele som rouco, enquanto lavo o rosco com água fria, escovo os dentes. A qualquer hora do dia funciona como pausa nos afazeres, mas nos primeiros minutos da manhã, é uma espécie de intermezzo que pontua o antes e o depois.

03 — Gosto de me ocupar de textos que não são meus… leio incontáveis vezes, risco e rabisco. Preparo uma xícara de chá e enquanto espero… releio. Com a xícara de chá em uma das mãos e os manuscritos na outra… ando pelos cômodos da casa, percorrendo pequenas distâncias, dando movimento a narrativa. Sento-me no canto do sofá, vou para a varanda. Uma espécie de reciativo…

04 — No meio da tarde de sábado… sento-me na varanda para espiar o mundo-vida-realidade. Escolho a música e aciono o repeat. Durante alguns segundos inexisto… transito entre mundos-vidas até o olhar esbarrar em uma janela aberta e pousar ali. O imaginário assume o leme e vai arquitetando vidas-cenários… e, de repente, estou a ficcionar a persona que sou num libreto vermelho.

05 — Experimentar ingredientes, testar receitas… me faz muito bem. Durante esses dias de “fique em casa”… substitui as caminhadas pelas fornadas de pães. Quando um texto precisa de um tempo… misturo trigo, leite, água, açúcar, sal e fermento. Para a receita de hoje… cozinhei batatas e misturei com ricota e queijo… uma deliciosa Ária!

06 — Cai a noite e lá vou eu até as prateleiras de livros, em busca de companhia… gosto de escolher um livro pelo tato, sem me ocupar dos títulos e seus autores. Puxo o que primeiro se enrosca ao meu tato e vou para o canto do sofá. Adormecer com um livro em mãos é, com certeza, uma das maravilhas do meu mundo… o meu último ato dentro de um dia. O meu grand finalle!
Para quem nunca ouviu uma ópera… Basicamente é constituída pela abertura, que é a parte executada pela orquestra. Os atos são constituídos por cenas e marcam uma espécie de capítulo da ópera. As partes cantadas também recebem denominações específicas, como a ária, que é uma apresentação de um solo vocal, o recitativo, que conta a história de forma mais rápida, e o coro, parte destinada a um tutti com coral e orquestra. Outro elemento importante na ópera é o libreto, que explica a história da ópera, e pode ser feita em parceria com um escritor ou poeta. Há também o intervalo entre atos-cenas, conhecido como intermezzo.
Seus atos são convites para o prazer na simplicidade da vida. O que não significa ser algo simples de se alcançar. Exige coragem e entrega. adorei!
Amei seus atos… Uma ópera diária!
Estou aqui quebrando a cabeça com os meus ♡
Uau! Li num fôlego só! Depois reli e fiquei perdida por algum tempo entre seus atos…
Só consigo lembrar do livro sagrado (para mim), Atos foi escrito Lucas que escreveu o livro quando Paulo estava preso, nos contando a história da primeira igreja cristã.
Já seus atos me fazem lembrar que mesmo estando na prisão, há uma vida lá fora…
Abraços
Como sempre, uma delícia de ler, sentir e, por que não, ouvir (já que murmuro baixinho enquanto te leio). E que belas fotos! Confesso: saio inspirada. Gracias, Lunna querida!
Eu sempre falo o quanto gosto dos seus posts 6 on 6. Seu texto enriquece substancialmente as palavras. Não entendo absolutamente nada de ópera, mas achei muito interessante você ter usado essa temática para criar o post, e também porque me fez aprender um pouquinho sobre o assunto. De fato, o tema atos é bem difícil. Não sei se faz sentido, mas eu penso em ações, em verbos mesmos, em agir.
Adorei a sua interpretação do tema e como as fotos contaram uma história. Devo deixar registrado aqui que a foto número 5 ficou linda demais! Estou apaixonada!
E achei muito bacana o espaço que você tem na sua varanda. Deve ser uma delícia ficar ali, né?
Lunna, quando pensei em atos, o inferi como sinônimo de ações. Na sua visão (e talvez essa fosse a intenção inicial) se desenvolveu como partes de uma ópera ou peça teatral. Na minha postagem, pareceu ser variações sobre o mesma tema em seis atos, ao final, mesmo que não tenha sido essa a proposta sob a qual foi desenvolvida. Os seus, discorreu sobre o dia, um dia eterno…
Seu Ato de abertura me deu uma sensação boa porque eu adoro o barulho da máquina de café também… Na verdade nem café eu bebo, mas às vezes a uso pra um chocolate quente e dá uma sensação tão boa vê-lo nascer ali… E só fui me dar conta que sempre sinto isso agora, lendo seu relato.
Me arrepiei com a citação que você marcou na última foto. Vou guarda-la porque preciso reler e pensar nela mais algumas vezes, obrigada por isso!
O meu primeiro Ato de independência foi aprender a fazer café… No modo antigo é o meu preferido. Eu adoro tomar café quentinho de manhã… e a tarde depois do almoço. Guardei a sua citação da ultima foto pois, adoro começar a leitura de um livro novo assim.
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