Não vamos fazer de São Paulo um estado de leitores

Eu me lembro que pouco depois de minha chegada à São Paulo… tomei conhecimento de uma campanha cultural que dizia: “vamos fazer de São Paulo um estado de leitores“… que tinha por objetivo espalhar livros pela cidade e incentivar a leitura.

Mas a campanha — que ganhou espaço nos principais jornais-rádios-televisão — simplesmente desapareceu. Mas a idéia ficou no ar… quem usa o transporte coletivo, certamente esbarrou em leitores, que usam o tempo gasto para ir de um lugar à outro para, literalmente, viajar.

Não é nada fácil se locomover por essa São Paulo logarítmica… formada por centenas de bairros-vilas-avenidas-alamedas-ruas… norteadas pelos pontos cardeais-e-colaterais. Não é um exagero dizer que a Sampa de Caetano deu novo sentido a palavra ‘distância’.

Portanto, nada melhor que sacar um livro da mochila — durante a viagem —, mergulhar em suas páginas e dar asas à imaginação. Tomando o devido cuidado para não passar do ponto.

Eu passei por isso algumas vezes. Quando dei por mim, estava na Estação final da linha vermelha do metrô.

No ano de 2018 eu tomei conhecimento de mais um projeto de incentivo a leitura que estava prestes a desaparecer. Inventado pelo secretário de cultura Mário de Andrade, que procurou a montadora Ford e colocou livros dentro de um ônibus, que circulavam pela periferia da cidade. O projeto que teve início no ano de 1936 conseguiu sobreviver a duras penas por oito décadas até ser suspenso pela Prefeitura, naquele ano, devido a entraves na licitação.

Há pouco, ao pesquisar, soube que o projeto voltou com outro nome “ônibus da cultura” e embora esteja parado devido a pandemia, está prevista a retomada de roteiros regulares e há um blogue para acompanhar o projeto…

Outro projeto bastante conhecido era o “embarque na leitura” — que disponibilizava livros nas estações do metrô. As bibliotecas reuniam 21.700 títulos e registravam mais de 365 mil empréstimos — números interessantes que vão na contramão de quem gosta de afirmar que se lê pouco por aqui.

Tentei descobrir o que houve com o projeto, mas não encontrei informações nas páginas do Governo do Estado, muito menos no site do Metrô, onde soube apenas da Biblioteca Neli Siqueira, na Estação Marechal e só.

Ao que tudo indica, São Paulo desistiu de ser um estado de leitores e, as antigas distâncias, deixaram de ser encurtadas — o caminho do leitor até o livro… ficou muito maior e não duvido que daqui a pouco saia nova matéria enfatizando que se lê pouco abaixo da linha do Equador.

Nesse Agosto temos b.e.d.a — blog every day august.
Adriana Aneli — Claudia Leonardi — Darlene Regina
Mariana Gouveia — Obdulio Nuñes Ortega — Roseli Pedroso

Publicado por Lunna Guedes

Sou sagitariana. Editora de livros artesanais. Autora de romances. Degustadora de café. Uma típica observadora de pássaros, paisagens, pessoas e lugares. Tenho fases como a lua... sendo a minguante a minha preferida!

7 comentários em “Não vamos fazer de São Paulo um estado de leitores

  1. Uns anos atrás também havia um projeto lindo chamado “esqueça um livro”, no qual os organizadores deixavam livros nos transportes públicos. Mas também acho que acabou depois de um tempo, uma pena!

  2. Escrever (principalmente à mão) usando o vernáculo está caindo em desuso. Ler, igualmente. Digo, no sentido literal. Vejo muito as pessoas preferindo a palavra falada, muito devido à falta de tempo. Eu mesmo, que me sento para escrever por horas. Fora isso, estou sempre em movimento e tenho me comunicado oralmente nos aplicativos de mensagens. A Pandemia de um vírus destruidor não ocorre apenas na área da saúde. No área da Educação é efetiva há décadas!

    1. Eu só uso o áudio quando não tenho opção e nem sempre ouço os que me enviam por estar com os ouvidos ocupados com músicas. Comigo são poucas as pessoas que me enviam áudio. Talvez por saberem que sou leitora e muito mais atenta as palavras escritas. Das faladas me disperso com facilidade. Já teve áudio que tive que ouvir duas ou três vezes e mesmo assim foi difícil.
      Para mim e para muitos que conheço, escrever e ler segue em uso e duvido que isso mude. Amém

  3. Com a pandemia ainda mais difícil. Por exemplo, a biblioteca da minha cidade está demorando mais a repor na prateleira o livro que é devolvido. Alguma higienização deve ser felta,

  4. Lunna, foram tantos projetos de incentivo a leitura que morreram, que já perdi a conta. O Embarque na leitura, foi um dos mais bonitos projetos e estava dando certo e se espalhando por estações de metró em vários estados. Minha amiga bibliotecária trabalhou nesse projeto. Pena que os “responsáveis” deixaram os olhos crescerem e desviaram verba… OPs! Abafa o caso, não falei nada. O positivo, é que sempre que acaba um projeto, logo nasce outro e vamos seguindo lendo, escrevendo, divulgando, acreditando, sonhando…

  5. Eu me lembro bem dessa proposta e achava muito legal. Foi por causa dele que a minha cidade ganhou uma biblioteca pública. Pena que acabou, mas pelo menos deixou um importante legado.

    bisous

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