E se melhor que isso for impossível?

…é o que se pergunta Melvin Udal em um momento de crise. Em cena, está Jack Nicholson e seu conjunto de gestos, que para muitos são grosserias, e para ele é apenas um retrato natural da indiferença que ele acalenta em si, com relação ao mundo…

Melvin é um escritor, que sofre de ‘transtorno obsessivo compulsivo’ também conhecido como TOC… que o faz girar a chave na fechadura inúmeras vezes, numa insana tentativa de ter o que lhe falta: certeza. Ele evita as rachaduras das calçadas ao caminhar. Lava as mãos em água fervendo e usa o sabonete uma única vez, sempre que volta das ruas. Ao sair, calça as luvas e desvia das pessoas ao caminhar pelas calçadas da cidade de Nova Iorque, fugindo dos toques.

Na minha opinião… Jack Nicholson fez o seu melhor ao dar vida a esse personagem neurótico, que consegue nos conquistar de imediato. Mesmo sendo ele, preconceituoso-racista-homofóbico-e-misantropo — um ser humano horrível que não finge-disfarça as emoções. Age a partir de seus tormentos, que se multiplicam a cada cena.

Somos apresentados ao pior lado do personagem imediatamente na primeira cena, quando ele se livra do cachorro do vizinho — um artista-homossexual –, arremessando-o pela lixeira do prédio. Parece que o diretor do filme quis nos preparar para o melhor — porque pior… é realmente impossível.

O mais interessante é que o ponto de mudança do Melvin acontece justamente através do cachorro… que consegue alcançá-lo e resgatá-lo das profundezas onde foi enterrado. Claro que não sabemos o que houve com o personagem, o que causou as crises, que poderiam ser facilmente controladas com a medicação que ele se recusou a tomar.

O cão Verdell, no entanto, humaniza-o… e prova para nós e para o personagem de Nicholson que melhor é possível!

Nesse Agosto temos b.e.d.a — blog every day august.
Claudia LeonardiMariana GouveiaObdulio Nuñes OrtegaRoseli Pedroso

Publicado por Lunna Guedes

Sou sagitariana. Editora de livros artesanais. Autora de romances. Degustadora de café. Uma típica observadora de pássaros, paisagens, pessoas e lugares. Tenho fases como a lua... sendo a minguante a minha preferida!

19 comentários em “E se melhor que isso for impossível?

  1. Adoro esse personagem vivido pelo Jack Nicholson. É um exemplo perfeito de sintonia entre um excelente roteiro e um grande ator. Apesar da trama nos conduzir por caminhos bastante previsíveis, é um filme deliciosamente engraçado e cativante.

  2. Eu nunca vi esse filme… E não sei se conseguiria ver, só de saber que ele lança o cachorrinho do vizinho na lixeira, coitado! Se já começa assim, nem quero saber o que mais ele é capaz de fazer… =/

    Bjks!

  3. Esse filme é excelente.
    História, atores, fotografia e você tem razão, a cena do cão é para nos preparar porque é muito difícil tolerar as atitudes do personagem até o cão tocá-lo.
    Agora, eu considero um show à parte, a trilha sonora, principalmente a música My Only da Danielle Brisebois.

  4. Nossa, eu já assisti a esse filme um monte de vezes.
    Adoro o cachorrinho, não sei que raça é. Mas adoro muito.
    E a maneira como ele conquista o Udal. Só mesmo um cão para nos aceitar como somos, independente de qualquer coisa. As pessoas sempre querem mudar alguma coisa, nos fazer diferentes do que somos e seguir suas vontades.

    Adorei encontrar suas linhas sobre esse filme.
    beijos

  5. Nossa, eu simplesmente amo esse filme! É tão humano!
    Os três protagonistas são tão melancólicos e solitários.
    Tudo bem que é bem clichêzinho, mas é tão bom de assistir.
    Adoro quando o Jack Nicholson diz que não precisa tocar sua campainha mesmo se sentirem o cheiro de seu corpo em decomposição. Rolou uma identificação, sabe? E Gred Kennear arrebenta sem precisar estereotipar o personagem. Sem falar que a Helen está tocante em sua atuação! Quando o filho finalmente está curado e ela dá pela solidão de sua vida, eu me afoguei junto. Amo. Amo e amo e amei ler sua opinião a respeito.

  6. Ainda não assisti esse filme, Lu, mas já ouvi falar muito bem a respeito dele.
    Várias pessoas comentaram sobre ele. Tenho um amigo, crítico de cinema, que diz que é um dos melhores filmes protagonizados por Jack Nicholson.

    deixo um ‘bacio’

  7. Me desculpe, mas eu não gostei desse filme. Achei o personagem horrível e sem cura. Eu sei que você é psicanalista e deve ter enxergado o personagem do ponto vista clínico em que todo mundo merece ajuda e tal. Mas o cidadão é um péssimo exemplo. O cara é racista, homofóbico, antissemita. Sente-se feliz em ofender as pessoas e ainda dizem que essa porcaria de filme é uma obra-prima do Cinema. Fala sério. E pior, é que se trata de uma comédia romantica. aff

  8. E você não mencionou a conversa do Melvin com a garçonete Carol, quando ele diz que ela o faz querer ser um homem melhor. É massa. Mas ele levantando o cão no ar, é incrível também.

    Ah eu adoro esse filme

  9. Eu nunca assisti esse filme mas apesar de ser sobre um transtorno parece ter sido feito de forma engraçada…Parece que esse ator tem bastante personagens “problemáticos” o Coringa era um personagem bem louco né? Fiquei bastante curiosa com a história desse filme e irei assisti-lo…obrigada pela dica

  10. Sou mais uma fã desse filme. Roteiro e personagens incríveis. Se ele é clichê? Claro mas quer saber? A vida é repleta de clichês. O importante é saber extrair o melhor de tudo. O personagem neurótico serve de parâmetro para o que não devemos ser ou – caso se retrate como ele – busque ajuda e amor, pois são elementos essenciais para se viver.

Pronto para o diálogo? Eu estou (sempre)

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