Faz algum tempo que os meses passaram a ter — cada um — a sua cor… Agosto, que terminou há pouco, foi lilás… para lembrar a violência contra a Mulher, ajudando a divulgar a Lei Maria da Penha que completou 15 anos nesse 2021.
Setembro é amarelo… a cor do carro de um jovem apaixonado por seu Mustang 68, comprado com a ajuda do pai, ele trabalhou arduamente para recuperar o carango, pintado de amarelo, sua cor preferida.
Visto como um garoto entusiasmado, cheio de energia, divertido e muito bem-quisto pelos familiares e amigos… o desfecho de sua história — Mustang Mike, como era conhecido cometeu suicídio no dia 8 de setembro de 1994. Deu um tiro na cabeça e deixou um bilhete para os pais: mãe, pai, não se culpem. Eu amo vocês. Com amor, Mike. 11:45 pm.
No Funeral, os amigos e parentes levaram uma cesta com cartões, cada um preso com uma fita amarela para homenageá-lo, contendo a mensagem — se precisar, peça ajuda — que foram distribuídas durante a cerimônia.
Para a surpresa do casal, dias depois… os telefonemas começaram a chegar. Pessoas pedindo ajuda… contando seus medos e tormentos. Eram tantos os contatos que eles tiveram a idéia de criar a Yellon Rebbon — uma entidade sem fins lucrativos que promove a conscientização de doenças que ainda são tratadas como tabu: depressão, transtorno bipolar e solidão…
Em 2003, a OMS estabeleceu o dia 10 de setembro como Dia Mundial de Prevenção ao suicídio. O amarelo do Mustang de Mike foi a cor escolhida para representar a campanha.
Aqui no Brasil, o Setembro Amarelo foi estabelecido em 2015 em um trabalho conjunto realizado pelo CVV — centro de valorização da vida — o CFM — conselho federal de medicina — e a ABP — associação brasileira de psiquiatria.
O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens brasileiros, com idade entre 15 e 29 anos e é considerado um grave problemas de saúde pública e as causas não são apenas doenças psiquiátricas.
Silencioso… nem sempre é perceptível. A pessoa com tendências suicidas não deixa rastro, não emite sinais e a menos que procure por ajuda, não seremos capazes de reparar que ela está enfrentando dificuldades.
E engana-se quem acredita que o suicídio representa um ponto final… é uma tragédia que afeta famílias inteiras e tem efeito duradouro em quem é deixado para trás.
Eu não sabia da história, Lu, achava que era uma escolha aleatória.
Imagino o desespero desses pais e admiro o ato deles, através da dor, encontraram um caminho para ajudar os outros. Muito bonito isso.
Eu tive uma história dessa na minha família e foi muito difícil. Não é fácil mesmo para quem fica. Até hoje eu tenho pesadelos e você foi muito importante para mim. Me ajudou muito conversar com você. Seu respeito, seu cuidado, seu carinho. nunca vou esquecer, viu? Foi muito importante. Pedir ajuda é para todos, inclusive para quem passa por essa tragédia.
bisous
É lamentável como ainda tem muita gente que diz que depressão é falta de Deus e é frescura. Eu já ouvi isso da própria família. É pesado, sabe? Você não está bem e te lembram que você tem tudo e tem gente por aí que daria um rim por tudo e eu fazendo pouco.
Nunca pensei em suicidio. Só em sumir de perto dos meus pais e irmãos. Trabalho muito por isso. Para ter um canto meu.
Eu sou uma herança dessa causa.
Perdi o meu pai há doze anos. Ninguém reparou a depressão dele, a dor e ficou todo mundo surpreso quando ele se foi. Eu liguei para o CVV porque não entendia como aconteceu. A gente não entende mesmo. É tão ruim saber que a pessoa estava tão mal que acabou com tudo.
O normal do ser humano é a comunicação… É conseguir dizer o que está sentindo. Mas nem todos se habilitam para esse difícil exercício. Esqueça essa idéia de achar que aquilo que não tá bem vai aliviar com o passar dos dias. O tempo até tem um papel importante, mas não resolve tudo.
Se doeu tem que falar. Se incomodou tem que explicar. Se tá ruim tem que ajeitar. Se estragou tem que consertar. Entende? Não dá pra passar a vida inteira com as coisas entaladas na garganta, feito espinha de peixe que não desce e arranha toda vez que a gente tenta engolir.
Não dá pra engolir tudo e dizer amém! Eu sei. Também não dá pra cometer sincericídios por aí e sair vomitando as coisas entaladas na sua garganta. Mas você pode e DEVE se expressar. Tem hora que o sentimento pede pra ser dito, entendido, descodificado, traduzido. Tudo que ele quer é ser exorcizado pela palavra ou pela via que lhe cabe melhor.
Expressar tranquiliza a dor.
Dor não é pra ficar aí com você, incomodando. Dor é vírgula. Então fala, se expresse.
E se não der pra falar, faz uma carta, um poema, um livro. Canta uma música. Pega as sapatilhas, sapateia. Faz uma aquarela. Faz uma piada, um texto, pinta um quadro. Saia e vá se encontrar com amigos. Faz corrida no parque. Fala pro seu analista, fala para Deus, para o universo… Conversa sozinho, papeia com seu cachorro, solta um grito pro céu, mas não se cale.
Se você engolir tudo que sente, no final você se engasga, se afoga e ponto final.
Começa assim: Você acha que a pessoa tá estranha, aí você fica estranho também. E os dois ficam estranhos quando na verdade ninguém estava estranho
Aqui há campanhaa de prevenção ao suicídio, mas também há um respeito pela decisão de querer morrer através da eutanásia.
Minha pergunta polêmica é: será que estamos a ser egoístas qdo não deixamos seguir a vontade de querer morrer? Talvez sim, talvez não. Há casos que há solução.
Eu sou a favor da eutanásia que muita gente chama de suicídio assistido e eu acho péssimo esse termo.
O que me incomoda no suicídio são as causas tratáveis. A depressão é algo grave e muita gente chama de frescura ou falta de deus. E enquanto isso a pessoa está lá se afogando.
O assunto precisa ser debatido e perder esse status de tabu. Falar a respeito.
As pessoas adoecem porque guardam muitas coisas dentro de seus corações… E essa mania de deixar pra lá que faz do seu interior depósito emocional de situações não esclarecidas.
Eu liguei no CVV já. E foi importante porque em casa ninguém ligava para mim. Todo mundo dizia para mim que poderiam contar com eles, para tudo. Mas quando eu disse que estava mal, triste e deprimido, me levaram para a igreja. Foi pior. Ninguém queria saber o que eu sentia de verdade.
O pessoa do CVV foi mais que um amigo, um irmão. Sou muito muito muito muito grato a eles.
E sempre que eu sei que alguém precisa de ajuda, eu aconselho a ligar.
O suicídio está cada dia mais próximo de nós. O livro O demônio do meio dia traz uma boa explanação sobre o tema, e me ajudou muito em tempos difíceis.
eu fiquei sem palavras aqui e falamos sobre isso no dia do post. Não sabia da história que deu origem ao dia.