Dois mil e vinte e dois…

Eu não sou pessoa de fazer planos e desenhar listas para o tal de ano novo. Não crio expectativas. Não faço promessas, tampouco me rendo a simpatias ou rezas. Não como lentilhas. Não me visto de branco… e definitivamente não solto fogos. Prefiro passar a limpo o conjunto de vivências para apreciar tudo que se passou-viveu… de bom e de ruim no último minuto, enquanto observo a paisagem escura do lugar que habito.

Dessa vez, no entanto, acusei cansaço e adormeci antes da meia noite…

Amanheci em 2022… janeiro, sábado e como trato o ano novo como um caderno recém-chegado da papelaria. Já admirei a capa cheirei as páginas e senti a textura do papel na ponta dos dedos. A próxima coisa a fazer… é tomar nota do ano no alto da primeira página. Observo o lugar, imagino o número e a confecção deles… penso na geografia dos números e os prefiro escritos por extenso: dois mil e vinte e dois… Presto atenção no que sinto. Lembro-me do ano do meu nascimento e fico feliz por saber que lá se vão quarenta anos. Respiro fundo e calculo os dias, as semanas, os meses e os anos — tudo que fiz e não fiz…

E decido brincar com as resoluções humanas… medir os movimentos e tracejar previsões para esse tal ano-novo — como se tivesse ganhado de presente de natal um daqueles jogos da infância, vendidos em caixas com tabuleiro, fichas, dados e peças de plástico que se movimentam por casas, avançando ou recuando…

E do alto das minhas certezas, afirmo que o ano de 2022… terá doze meses. Não se espante! Serão cinquenta e duas semanas. Trezentos e sessenta e cinco dias, totalizando oito mil, setecentos e sessenta horas. Mais de quinhentos mil minutos e dezenas de milhares de segundos. Ao todo, serão cinquenta e duas segundas-feiras — o meu dia preferido, na semana… mesma quantidade de sextas-feiras — o dia favorito da maioria. Haverá sábados e domingos… terças e quartas e quintas. Feriados úteis para uns e inúteis para outros.

E mesmo assim, haverá gente a reclamar de falta de tempo… Enquanto eu, fatalmente, irei me perder do calendário… e, sei que não irá demorar para eu girar os olhos em estado de dúvida e repetir em voz alta a famosa pergunta: que dia é hoje? E irei apertar o botão da máquina para preparar um Café e, pronto: será dezembro de novo — com suas festividades aborrecidas… E eu sei que irei desejar adormecer antes de tudo isso começar e só despertar depois que tudo acabar — like always.

…teremos vários eclipses solares e lunares. Serão ao todo: quatro estações do ano: outono-inverno-primavera-verão — ao menos no calendário, já que a natureza está cada vez mais arisca com a espécie humana e seus muitos desmandos. E ela tem os seus — muitos mil e uns — motivos para isso.

Ah, teremos um novo fim-de-mundo que não se cumprirá. Muitas teorias da conspiração. Dias de chuva e muitas horas de sol. Ao todo serão treze lunações. E a cada novo ciclo — um novo começo e consequentemente um novo fim.

O ano será regido pelo número 06 — tempo de encontros com os amigos e familiares — e pelo astro rei… a centelha divina e sua chama exuberante o Sol. Pelas bandas espirituais estaremos nas poderosas mãos de Oxumaré. E os chineses mandam avisar que em suas medições — que são outras,  já que não se renderam aos romances e suas insanidades cristãs — o ano será do Tigre…

Os começos e recomeços, no entanto, não dependerão da meia noite, quando espocam os fogos e as taças colidem umas com as outras. Dependerá exclusivamente das nossas vontades e atitudes. Nisso reside o drama de cada um.

Despertar continuará não sendo tarefa fácil. E haverá dias em que o travesseiro será  o nosso melhor amigo-amante-cúmplice-conselheiro.

Seremos o ponto de chegada e partida para desejos, amores, conquistas, derrotas, frustrações, alegrias, tristezas… e absolutamente tudo passará por nós — independente do Signo-regente-ascendente.

Alguns de nós farão muitas promessas… que não serão cumpridas. A maioria serão esquecidas no primeiro dia útil do mês, talvez até antes. Muitos de nós terão um sem-fim de ideias, sonhos e projetos. Mas, apenas um ou outro, em algum momento, acordará disposto-animado e determinado a fazer tudo acontecer. Alguma coisa será realizada… e muitas ficarão pelo caminho.

Haverá nascimentos e mortes. Coisas que não farão o menor sentido. Enquanto outras farão tudo valer a pena. Motivos para desanimar… não faltarão! Mas, certamente, como o Universo a tudo compensa, haverá momentos incríveis-surreais que farão crepitar o cuore.

O importante é ter consciência, que seja como for, a mão que detêm a pena… é a que escreve a sua história! Então, eu vou aproveitar que o caderno é novo… para treinar a caligrafia! Vamos?

Que 2022 seja apenas um ano inteiro!

Publicado por Lunna Guedes

Sou sagitariana... degustadora de café. Figura canina e uma típica observadora de pássaros, paisagens, pessoas e lugares. Paciência é algo que me falta desde a infância. Mas sobra sarcasmos para todas as coisas da vida que fazem mais barulhos que cigarras nos troncos das árvores. Aprecio o silêncio e falas cheias, escreve-se em prosa por apreciar a escrita em linha reta. Tenho fases como a lua... sendo a minguante a minha preferida!

12 comentários em “Dois mil e vinte e dois…

  1. Ah, Catarina… suas palavras me fizeram iniciar uma reflexão acerca de nosso paradoxo. Iniciamos o novo a cada texto que desabrocha em folha (ou tela) branca, onde muitas vezes se esconde entre linhas e letras o velho… enfim… somos contraditórios por natureza…rs

    Até!

  2. Janeiro vai passas correndo por aqui, tenho certeza e eu não fiz promessa, mas comi lentilhas e quero muito conseguir degustar a calma das semanas porque estou cansada das pressas que encontrei em 2021, foi um tal de tudo para ontem.

    Sinto saudade do cheiro de infância, das madrugadas, das horas que passava em frente ao mar tentando decifrar suas cores e, principalmente saudade de ficar horas inteiras lendo Catarina. E tenho uma saudade de algo que ainda não aconteceu e essa é uma promessa secreta que eu fiz ontem a noite.

    Beijos e beijos pra vc!!!^^

  3. Ai, que delicia!!!
    Começar o ano novo com esse texto tão perfeito! Adorei as “previsões”. hehehehe

    Saudades…ღ
    Beijos e abraços meus ღღ
    Feliz 2022 e que Catarina sempre volte a escrever para nos alegrar.

  4. Este 22, em especial, está maximizando todas as minhas melhores expectativas…

    Um beijo, ótimo ano novo!

    ℓυηα

  5. Lunna, minha cara

    Os adultos acham sempre que vêem o futuro, não é mesmo?
    Serão cartomantes, ousados ou ingénuos?

    Porque quanto mais vivo mais esse tal de Futuro me surpreende e prefiro as suas previsões, brincando com o tabuleiro dos jogos da infância. Coisa boa. Eu sempre gostei de jogar o dado e somar os números para saber o que me reserva a próxima casa

    Que 2022 seja mais e que nós sejamos mais também!
    Bacio!

  6. Ah, eu ri tanto de suas previsões e me lembrei das muitas vezes que brincava com meus amigos de banco imobiliário. Só você mesmo Catarina.

    Feliz 2022 e vamos mergulhar nas linhas do novo ano e abandonar o ranço e ócio do ano que ficou para trás

    Beijos menina

  7. Texto bom mesmo para começos e recomeços, minha querida. Que em 2022 teus textos brilhem, como sempre; e que tua vida brilhe junto com tuas letras todas iluminadas.

    Um beijo,
    Ricardo.

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