Comecei a fazer terapia aos doze anos… conselho de C., que percebeu minha angústia… motivada — obviamente — pela escrita em fase de enraizamento.
Era confuso para uma menina se multiplicar em tantas figuras-personagens que surgiam em mim e me transformavam em outra pessoa, num piscar de olhos. Um constante vestir e despir de si mesma.
Era igualmente estranho me precipitar às pessoas… sabendo-as antes mesmo que dissessem alguma coisa sobre si… interpretando-as como se fossem personagens de uma história lida milhares de vezes…
Eu não tenho — nunca tive — poderes paranormais!
As precipitações aconteciam através dos detalhes da matéria… aos quais estou sempre atenta: o corpo fala, os olhos gritam e as mãos confessam-se. Deixamos muito de nós por onde passamos… como o sol que deixa rastro de poeira astral no ar.
As pessoas, são naturalmente desatentas. Não percebem as migalhas deixadas pelo caminho. Todas as coisas que trazemos em nós dizem muito de quem somos — hoje eu sei… ontem, no entanto, eu me sentia a andar em ruas cobertas de gelo.
…nada como a sabedoria do dia seguinte para nos fazer compreender as manifestações na própria pele. Mas, até alcançar esse estado de lucidez… a loucura é o único argumento a fazer algum sentido, principalmente quando somos Mulheres — associada que fomos a essa condição afim de justificar nossos atos, palavras. É tão simples aferir — ela é louca. Absolutamente tudo se explica e resolve dentro dessa pequena frase. Mas há o outro lado… da loucura. Já presenciei casos reais de pessoas que foram salvas de si mesmas e, algumas, dos outros.
— É tão fácil-confortável enlouquecer.
Tudo se justifica sem que precisemos entender-investigar a nós mesmos. É tão mais simples concluir que estamos a perder a capacidade de compreender a realidade — esse lugar indócil para muitos de nós — que navegar nesse mar revolto em busca do que não sabemos…
Eu enlouqueço — sometimes — para escapar de diálogos furiosos que são como ondas em dia de Sizigia.
Que sejamos loucas sempre que necessário for! 🌻✨
Eu ainda as vezes me estranho, isso de ser muitas em uma…