Hoje, no meio da tarde, fiz uma pausa… e fui me sentar na varanda. Quando dei por mim… estava com o livro de Plath em mãos… Ariel é uma leitura que se repete de tempos em tempos. Trechos inteiros, em voz alta, como se estivéssemos a dialogar a respeito de nossas estranhezas. Às vezes, me reconheço ou apenas me perco… de mim, das páginas, das linhas — numa espécie de desorientação natural. Abandono o lugar, o corpo. São os famosos instantes de ausência. Gosto imenso da quietude que se estabelece em minha mente.
Nunca sei onde a minha memória irá pousar. É como se estivesse diante de um daqueles pássaros, treinados para escolher um bilhetinho colorido, numa caixinha. Nunca erram — é o que dizem. Não sei que nome dão ao senhor, sua gaiola móvel e a caixinha com bilhetinhos. Vi um desses na Praça da Liberdade… o signore e seu canário empoleirado em uma pequena caixa com cartões coloridos e aquela música que lembra um parque de diversão.
O pássaro faz a sua parte… mas nem sempre nós fazemos a nossa.
É uma tradição importada de outros lugares. No Irã é costume consultar pássaros-poetas. Chama-se fal-e Hafeze, segundo as lendas contadas de boca em boca, surgiu da morte de um poeta.
Ninguém sabia o que fazer com o corpo do homem-poeta… Optaram por abrir o livro dele — aleatoriamente… e pronto; leram a primeira estrofe que apareceu. Virou hábito…
Gosto imenso deste “dom premonitório” das poesias. É o que faço às segundas-feiras…vou até a prateleira, escolho um livro — no escuro, ao sabor das minhas digitais… e pronto. Leio o poema que serve para o dia, a semana… a vida inteira.
Mas hoje é quinta é eu tive um encontro com Plath e seu Ariel… com quem eventualmente me encontro. Não entendo quem investiga um poema. A poesia é uma lâmina bem afiada, sabemos o que sentimos ao percorrer a pele.
Você não precisa compreender o que é a lâmina e como foi feita para saber o efeito dela na sua pele.
Ler Ariel não é fácil… Mas eu gosto imenso das emoções que cada poema provoca na minha pele. Lembro-me que certa vez, eu estava na Starbucks da Alameda Santos e havia concluído o capítulo do meu primeiro romance.
Pedi um latte e enquanto esperava… saquei o livro da mochila. A leitura daquele poema era tudo que eu precisava naquele momento porque a poesia me faz flutuar para fora da pele e passado o efeito me faz tatear o escuro em busca do meu corpo.
b.e.d.a — blog every day august — um desafio que surgiu para agitar os dias
de abril e agosto nos blogues e comemorar o Blog Day
Alê Helga – Darlene Regina – Mariana Gouveia
Mãe Literatura – Obdulio Nuñes Ortega
Uau, que delícia de post menina Catarina.
Eu ainda não li Ariel, mas fiquei muito curiosa e confesso-te que adorei o que disse a respeito de ler poesias, também não entendo quem fica fazendo análise de um verso ou de um poema todo, buscando informações detalhadas. Prefiro mesmo ler e sentir, me emocionar ou não, sabe? Porque, às vezes, um poema não é para nós e não é maravilhoso que seja assim?
Adorei. Adorei. Adorei.
Um dos melhores textos seus aqui.
bj
Amo Ariel e acho realmente um livro muito difícil de ler, eu levei bastante tempo. O livro foi um presente de uma amiga que não gosta de poesia moderna, considera horrível e se incomodou ao me ver ler Kaur, imagine você. Ela ficou desesperada. E tascou Ariel em minhas mãos. Eu gostei, mas não ouso fazer comparações ou repetir o que disse a amiga “poesia moderno é coisa detestável”. Respeito, mas continuo a amar a poesia moderna, pelo que disse em seu texto, fala alta e comigo.
bisous
Acreditas que eu ainda não li Ariel? Eu tenho um diário dela aqui comigo que ganhei de presente. Folheei algumas vezes e até gostei do que li. Mas acho que ainda não é o meu momento Plath.
Bom fim de semana
Olá!
Eu amo dar uma pausa no dia para ler um pouco, nem que seja 10 minutos, faz muito bem. As vezes troco a leitura por música, ou para apreciar a natureza.
Gostei demais.
Beijos.
https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/
Me lembrei desse poema:
‘É o mar que você ouve em mim.
As suas insatisfações?
Ou a voz do nada, era essa sua loucura?”
Só suspirei…