Em minha primeira sessão… deitei-me no divã de uma estranha, com quem não simpatizei. Disse duas ou três frases inteiras que me vieram à boca e me perdi no limbo da minha existência.
Até me sentir segura… entrei e saí de vários ambientes. Recusei vários olhares que pareciam revirar a minha anatomia e inúmeros comentários seguros a respeito do que poderiam fazer por mim.
Percebi que não seria fácil encontrar alguém com quem partilhar minhas misérias.
Se na “vida real das coisas demasiadamente humanas” esbarramos em milhares de criaturas — todos os dias — a quem não oferecemos nada de nós, por falta de empatia ou porque temos nossos caprichos… imagina quando saímos desse “conhecido recinto” para nos aventurar em solo estranho e nos desnudar para alguém que é pago para compreender nossos abismos.
Convivo com pessoas que me “conhecem” desde a infância… a quem nunca contei uma linha de minha história de vida. Para outros, entreguei pouco ou nada: um sorriso pequeno, um olhar estreito. E outras — recém-chegadas — à quem destrinchei minha realidade comum-inteira: livros lidos, lugares onde estive, lembranças antigas, pesadelos recorrentes, sonhos, ilusões, medos, fracassos…
Há pessoas que não nos querem saber-conhecer… esperam que a gente se deite no molde que trazem. E se não o fazemos… esperam dia após dia, pela tal mudança, que devemos prover em proveito de tal abençoada amizade-amor — ou seja lá qual nome dão a isso…
Fazer terapia é antes de tudo ser ouvido e como na realidade há poucas pessoas dispostas a esse gesto raro. .. optar por um profissional é a melhor maneira de conquistar um direito ao próprio eco…
Mas é uma maneira de olhar no espelho e compreender do que somos feitos, sem regras, fórmulas absurdas ou teorias impossíveis. Dá para existir sem dedos em riste e assinaturas em contratos com letras minúsculas.
b.e.d.a — blog every day august — um desafio que surgiu para agitar os dias
de abril e agosto nos blogues e comemorar o Blog Day
Alê Helga – Mariana Gouveia – Mãe Literatura
Obdulio Nuñes Ortega – Vanessa
Esse negócio de conhecer pessoas é mesmo complicado. Eu me lembro bem de uma crise séria que eu tive e que não conseguia falar a respeito. Só fui desabafar com um estranho, meses depois. Estava num café e lá estava a pessoa. Falei sem parar durante duas horas e a pessoa nem me interrompeu. Nunca mais o vi. Deve ser um desses anjos sei lá.
Beijos!
Eu fiquei em dúvida Lu, se esse post é ficção ou realidade. Se é a autora trabalhando cenas, personagens ou se é a pessoa compartilhando experiências.
Bj!
Eu gostaria de fazer terapia, mas minhas duas tentativas não deram certo.
Não sei se fui eu ou os profissionais. Nunca mais tentei
Bacio
É sempre um prazer lê-la, Lunna
Gosto dessa pequena confusão que fica no ar.
Se é real ou ficção como li em outro comentário.
Para mim é sempre real, mesmo que seja ficção.
bjinhos
Lunna, não que eu queira imitá-la mas nossos gostos pelas coisas e as coincidências de pensamento são impressionantes. De certa forma comecei a me preocupar com as coincidências, mas como minha cabeça não é porta chapéus (que não uso) e existe para guardar o “aparelhinho” que pensa, conclui que pensamos e sentimos as mesmas coisas porque somos comtemporâneos. Não necessariamente precisamos ter a mesma idade. Apenas fomos educados e convivemos com pessoas que gostavam de ter as paradas para a paz de espírito que gostamos e nem sempre conseguimos. Escreví meio sem pé nem cabeça, mas acho que você entendeu. Nos somos fruto do curtir a vida. Cada um a seu modo e não nos preocupávamos muito com as críticas que existem até hoje, kkk!
bacio
Era uma das minhas postagens favoritas a respeito das suas insanidades.
Eu tenho a Catarina que tráz a sequencia de textos que escreveu anos atrás. É a minha favorita
Nessa semana, eu li um texto que dizia que ue a maioria das pessoas fazem terapia para lidar com quem precisa de terapia e não faz. E conheço muitas pessoas que afirmam que o planeta seria um lugar mais feliz se todo mundo fosse para o divã…
E ao ler essa sua série de posts penso que os personagens precisam mais de terapia que os autores, mas acho que um cumpre o papel para o outro.
🙂
Bom, não tenho um diário. Mas as insanidades nos aproximam.
E você escreve pra caramba.
Acho que eu já disse que adoro essa série de posts e gosto de imaginar para onde isso irá nos levar e quantos posts serão dessa vez. O auto-conhecimento é uma tarefa ingrata, olhar no espelho e reconhecer-se sem o olhar do outro, as opiniões do outro, apenas as nossas impressões e emoções.
O que eu gostei de perceber através dessa sua série de posts é que a terapia não precisa ser um processo apenas para quem está com um problema de saúde mental e pode beneficiar qualquer pessoa. Eu tentei, mas estou nesse caminho ainda, não encontrei alguém em quem confiar. Sigo tentando. Uma hora tropeço em uma W.
bisous