Leaves of Grass

na vitrolinha

Quando menina, comecei a colecionar folhas… fomos caminhar e C., inventou uma brincadeira: tentar interromper a trajetória do voo de uma folha qualquer, antes que aterrissasse no chão. Claro que eu topei e passamos horas na praça, tentando agarrá-las. Foram muitos quases, mas nenhum sucesso. Nos divertimos horrores. Exaustas… deitamos na grama e adormecemos. Ao despertar, estávamos cobertas por folhas porque é disso que se trata. Eu guardei uma delas para nunca me esquecer daquele momento… Foi parar dentro do meu livro de poesias de Emily Dickinson.

E passou a ser um hábito… recolher folhas durante a caminhada e guardá-las dentro de livros-diários-caixas. Recentemente, por causa do ig, comecei a fotografá-las… Às vezes, envio aos amigos e foi em uma dessas “trocas” que surgiu a idéia para esse post… um desafio com outra pessoa apaixonada por folhas e que assim como eu, as recolhe pelo caminho.

Eu me lembro de uma visita da Su quando eu morava em outro bairro… saímos as duas para um passeio por aqueles labirintos e, de repete, descobrimos esse hábito em comum: abaixar e recolher uma folha do caminho, guardando-as. Trocamos olhares-risos, encaixamos o passo e voltamos para casa, com as nossas folhas colecionáveis…


Uma das primerias fotos que fiz para celebrar a mudança das estações e publiquei no stories do instagram
outono 2018

Caminhava pelas calçadas do bairro, rumo ao supermercado quando essa folha desprendeu-se da árvore e pousou bem diante de mim… Amei as cores e a textura…

Observava as irregularidades do caminho, durante uma caminhada, o meu passo despreocupado e as mãos no bolso…
Quando me deparei com a folha presa nas ranhuras do asfalto…

Toda vez que venta no outono, a árvore estrangeria lota a calçada com suas folhas… e eu sempre recolho a que mais me atrai. Dessa vez fui surpreendida com essa enorme folha enrugada…

Quase pisei nessa folha, estragando-a… mas consegui evitar o passo, tanto o meu quanto o do simpático cão que ganhou afagos e colo…

Essa folha pertence a uma árvore com inúmeros nomes populares, dentre eles, pata de vaca… por causa do seu formato. Para fotografá-la, andei com ela por vários quarteirões, até encontrar um piso que fizesse jus as suas ranhuras, tons e cores…

Essa foto eu fiz pela manhã… enquanto esperava pelo Marco. Estiquei o olhar e lá estava ela na calçada, perto do tronco da árvore… Um capricho do vento, já que ao olhar ao redor, não encontrei a origem da folha. E como estava ao pé da árvore, resolvi que seu tronco serviria de fundo…

“Escuta, não dou lições nem esmolas,
quando eu me dou, é por inteiro.”

walt whitman em leaves of grass (folhas da relva)

:: veja a trilha de folhas de Suzana Martins

Publicado por Lunna Guedes

Sou sagitariana. Editora de livros artesanais. Autora de romances. Degustadora de café. Uma típica observadora de pássaros, paisagens, pessoas e lugares. Tenho fases como a lua... sendo a minguante a minha preferida!

5 comentários em “Leaves of Grass

  1. Que delícia! Leio os posts – o seu e o de Suzana – ao som de Vivaldi… Posso suspirar apenas, não posso?
    Também coleciono folhas, mas raramente tiro fotos segurando-as… Na maioria das vezes, elas são fotografadas por mim com algum bichinho. Me vi aqui…

  2. Ah, aquele dia foi inesquecível. Encontrei uma colecionadora de folhas e histórias. Memórias perdidas dentro das letras e em nosso pretérito.

    Que delícia o seu caminhar! Que folhas lindas! Anatomias perfeitas!

    Amei cada momento do teu post! 🥰🥰🥰

  3. Eu recebi uma folha dentro de uma missiva e amei saber que pensou em mim ao caminhar por suas calçadas. Fiquei “insuportável” como você diz. É um afago. Melhor que qualquer presente. Se bem que, devo dizer que receber uma missiva sua é outro presente. Enfim, vou reclamar aqui que faz tempo que não recebo uma. Não mudei de endereço não, viu? Bom domingo, queridissima Lu

    bisous

  4. As folhas que caem no nosso caminho, sobre nós ou que ficam no pára brisas do carro…sempre estão ali para algo. Para nos dizer algo. Creio que será para apreciarmos a sua beleza…a beleza da finitude…e indirectamente pensarmos um pouco no Outono das nossas vidas.
    Também gosto muito de folhas!

Pronto para o diálogo? Eu estou (sempre)

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