“Estou naquela idade inquieta
e duvidosa que é um fim de tarde
e começa a anoitecer!”
Machado de Assis
Depois de uma semana inteira de muito trabalho… levei um susto ao me deparar com a bagunça que se estabeleceu em minha mesa. Não é uma novidade, eu sei. E mesmo assim me espanto como tudo se acumula, como se alguma entidade travessa — que não eu — fosse a responsável por todo essa desordem.
Eu não sou adepta do caos, mas não posso dizer que tenha grande apreço pela ordem. Sei o lugar das minhas coisas e se alguém ousar meter os dedinhos na minha bagunça na tentativa de organizá-la, pronto… a conhecida teoria do caos se aplica e tudo se altera.
Lembro-me de uma moça — muito atenciosa — que resolveu arrumar a minha mesa durante a minha ausência. Ao voltar do passeio com o dog, estava tudo impecável. Levei dias para tentar encontrar a minha lapiseira e não duvido que até hoje tenha alguma coisa perdida. Não é exagero da minha parte. Eu tenho TOC e sei o lugar de todas as coisas. Movê-las de lugar, significa perde-las por todo o sempre.
Ao conversar com uma colega artesã, há pouco… soube que para ela é humanamente impossível criar sem o caos. Ela disse que se espalha por todos os cantos do cômodo onde trabalha; do chão às paredes. Confesso que senti um arrepio percorreu toda a extensão da minha espinhal dorsal ao imaginar o cenário. Embora se pareça com a minha mesa… se a bagunça ultrapassar certos limites, entro em parafuso.
Caos segundo o poeta Hesíodo, é o deus primordial do Universo… inicialmente seria interpretado como o vazio ou o ar que preenchia o espaço entre a Terra e o Éter (céu superior). A relação do Caos com a desordem e o desequilíbrio só foi atribuída pelo poeta romano Ovídio.
Eu preciso de qualquer coisa de ordem a minha volta para iniciar os meus trabalhos… seja um texto ou um projeto de livro. Mas, conforme as coisas vão acontecendo, perco o controle das coisas… se estiver a escrever um texto, acabo buscando um livro e depois outro e mais outro. Folhas impressas vão se acumulando. A lapiseira e um post it ficam por perto para uso a qualquer momento. Uma xícara para pequenos goles. As coisas vão surgindo e se acumulando. E depois de todo o processo… resta o caos.
Mas eu me divirto no momento de devolver as coisas para os seus devidos lugares… é como um ritual de encerramento. Os livros voltam para a prateleiras. As folhas impressas riscadas, amassadas, rasgadas, picadas vão para o lixo reciclável. As canetas coloridas e a lapiseira voltam para o porta-lápis e, aos poucos, a ordem voltam a reinar, ainda que por pouco tempo.
Do caos (parafraseando Nietzsche) haverá de surgir uma estrela!!! bjos
Olá Lunna, estive numa livraria outro dia e ouvi um senhor falando sobre o caos. Nem pensei nisto mais e heis que chego aqui no seu blog e olha o assunto. Interesssante, isto porque me obrigou a pensar sobre o assunto novamente. Na verdade, convivemos com esta situação e não percebemos. Por exemplo, qundo acordamos de manhã, como está a nossa cama? Um caos, não é mesmo? O que fazemos? Arrumamos o caos. Então é isto. Sempre partimos do caos pra criar, começar o dia…
muito bom voltar sempre ao seu blog, gosto daqui.
Desordem organizada vamos assim dizer para manter o caos criativo.
Eu tb detesto bagunça, mas…
as vezes tem que passar por ela pra arrumar tudo.
hehe
Beijos.
Oi Lunna!
Eu também não funciona em meio à bagunça, nem por decreto! (rs) Lindos versos.
beijos querida,
pois é o caos é inspirador… dá uma força de tudo em simultâneo… inquieta e empurra…
Eu quero ser caotica mas ter a casa arrumada… caótica discreta…lol…
Quando o fim da tarde começa a anoitecer é como aurora… o dia cresce…
beijinhos das nuvens
Essa coisa do caos é meio mágica para mim, mas também só consigo criar na calma. O caos tem que vir antes, tenho que ver coisas, sentir cheiros, procurar inspirações. Depois sento e me concentro, começo a pinçar o que realmente permanece em mim.
ei lunna,
foi também com um gostoso sorriso
que li nesta tua postagem
elementos tão meus…
como a hojerizan pela desordem,
e sobre o mal estar que me dá
com as pessoas se preocupado com
coisas tão vãs. rs
Há momentos em que preciso do caos
e tomo-o emprestado em minhas mãos
e como um ferreiro
crio com fogo meus poemas…
mas dentro de mim,
porém
necessito da ordem e paz,
sorrisos e dias ensolarados… desejo isso pra ti…
obrigado pelo convite do blog
vou aceitar sim, fiquei lisonjeada…. rs
Estou saindo em viagem
e quando retornar
conversamos melhor, ok
Um grande abraço
Fê
Vc me fez pensar na bagunça que anda a minha vida…
Bjo
pois é, o caos…nele, me oriento, me protejo, sigo em frente. ao mesmo tempo, olho para ao lado, e nada de caos, apenas uma agenda, repleta de nomes, números, endereços, horários e nenhum sinal de vida fora daquelas páginas, mas dentro de mim, ele se manifesta com intensidade e me chama, ele, o caos. e descubro, aqui, vida e escrita, pensamentos e escrita, e Cecília iluminando as horas. abraços, gostei muito daqui.
Lunna, eu não gosto de muita ordem não, acho que bagunça combina com vida e movimento, as coisas arrumadinhas parecem que já estão concluídas.
Muito lindo este poema da Cecília Meireles, você teve muito bom gosto para escolher os livros que te acompanharam na viagem.
E muito obrigada pelo link para a “Rota da Seda”, a próxima postagem já via entrar na Ásia e seu exotismo.
Grande beijo e um lindo dia para você.
Ai, Cecilia Meireles é excepcional! Tenho as obras completas dela e não me canso de ler e reler…
Bjos…
um post tão rico e diversificado que merece uma segunda leitura
beijos
Hoje senti esse caos no meu lugar dos bordados. Havia tantas linhas e tecidos misturados que eu quis fugir.
Já no fim do dia consegui colocar tudo em seus lugares… mas acho que me perdi aqui no Catarina. Chove.