Meio dia no relógio dos homens e chove lá fora…
Novembro é assim mesmo pra mim. Chove todos os dias – uns mais que os outros. Mas chove… Os guarda chuvas desfilam pelas calçadas, atravessam ruas, enroscam-se uns nos outros. Uns vão mais rápidos… Outros mais lentos.
Chove…
Às vezes, pela manhã! E quando penso que o dia inteiro será chuvoso… um sol ameno aparece no céu caramelizando a paisagem. As cores ficam mais intensas e é fácil perceber os desenhos da cidade e seus muitos espaços para andar…
Vou pelas calçadas, com o passo mais lento. Mãos no bolso, certa de que levo comigo um personagem qualquer. Ouço o som das locomotivas, do lado de dentro. Fecho os olhos e sinto o balanço dos trilhos. Escuto diálogos e vou com eles… perco-me dessa coisa de destino. Desenho falsos mapas, guardando-os no bolso — há quem acredite que seja verso-poesia. É apenas um paragráfo inacabado para mais tarde. Eu escrevo coisas soltas-avulsas na imensidão do ar. Às vezes, recolho… às vezes não.
Percebo gatos por cima de um velho telhado (vermelho) e me deixo ser outra coisa, outro alguém. Penso em um poema de Campos, mas o que grita mais alto é o de Eliot. Um fala do tempo o outro da falta, que por aqui se chama: saudade. São coisas distintas, para mim… Eu não sinto saudades — não sei como é isso, que cor tem. Eu sinto falta… e tem até gosto. Reconheço os ingredientes do que sou feita…
Disseram-me que no dia em que nasci choveu… a madrugada inteira! Não parou um só instante — e a voz que diz isso, chega em ondas até mim. Muda tudo a minha volta. Me faz sorrir… Gosto de saber que foi assim e que ano após ano segue se repetindo. Não falha! Chove…
Gosto imenso quando o dia começa chuvoso. A manhã fica mais lenta e o dia se estica até as seis. Penso nas receitas da infância. Dias de chuva eram para ficar em casa. Abandonava-se os compromissos para ler poesia e comer biscoitos de nata da nonna. Era qualquer coisa deliciosa repetir aquela receita: amido de milho, manteiga, leite em pó e nata. E sentir o cheiro das bolinhas amassadas com garfo assando no forno era divertido. Sinto falta disso… e para ser sincera, não gosto mais de biscoitos de nata.
Voltou a chover… vou preparar uma xícara de chá de flores azuis! Esse sabor segue comigo e duvido que se perca…
Neste novembro [entre outras coisas] vamos de #blogvember…
Aventuram-se em linhas diárias: Mariana Gouveia, Obdulio Nuñes Ortega,
Suzana Martins e Roseli Pedroso
Estupendo texto, cara mia!!!! Que deleite para mim ler estas linhas tão carregadas de significado! ❤
E eu fico aqui a suspirar pelos cantos! ❤
A chuva ensaia sua festa por aqui. Vez ou outra a nuvem abraça o sol e o vento anuncia uma tempestade cheia de ruídos. Alegro-me com a dança das águas a escorrer neste céu de novembro.
Que venha a chuva!! ❤
A chuva serve para o preparo do solo interior. Daí, ficarmos mais reflexivas quando desaba uma boa chuva. Nossa atmosfera poluída anda gritando pelos benefícios da chuva mas nós humanos, purificamos a alma. A água tem toda uma simbologia,,, Belo texto cara mia! ❤
Nunca se perderá. Nem tu, dos ensinamentos da nonna, do nonno, de C e R.
Auguri, amore!
Que esse dia especial tenha sido lindo e feliz. Aqui, deu uma chuva leve, mas dediquei a tu.
Aamo tu imenso ❤
Você é que aniversaria e somos nós que ganhamos presentes…
Estar em casa num dia de chuva… pode ser um dia perfeito!
Ter que ir para o emprego num dia de chuva…não é definitivamente um dia perfeito!🙄