Meu caro Obdulio,
Entro tarde a dentro, com a mesa a mente ocupados por um quinhão de coisas. Bebo um pesado gole de chá e vou em frente. Lembro-me que tenho uma lista de coisas para cumprir e tento localizar em meio ao caos — me distraio com tudo que encontro pelo caminho dos olhos: folhas avulsas pautando um sem-fim de ontens, quando Catarina era apenas um ensejo e não um calhamaço de páginas amarradas com fita de cetim.
Recordei o primeiro post… um escrito sem peso ou certezas. Se bem que nesses anos todos de blogue.. O que mais escrevi foram: primeiros posts — a maioria aconteceu “entre esquinas” em meio a diálogos alquebrados, pela metade. As pessoas sempre tem tanto a dizer — e querem ser ouvidas e por todos à sua volta. Eu me divirto com as frases vazias que recolho… que são como vento nas cortinas, a dispersar as coisas todas da memória. Às vezes, orientam a minha escrita em direções ainda navegadas por mim — o que é agradável, admito.
Na tarde de ontem — experimentei a sensação de futuro… Coisa pouco comum a mim; eu tenho preferência pelos pés no chão, a caminhar pelo presente. Mas espiei por essa janela e lá fui eu visitar 2023 — você gosta de tecer previsões. Li algumas que fez e acho engraçado como sente prazer em acertar — como se fosse uma ciência exata-precisa ou algo assim…
E eu que não acredito em previsões… detesto essa coisa de futuro: leitura de cartas, mãos, pedras; dou de ombros para acertos erros. Nessa semana alguém recordou aquela figura cega, aclamada como Nostradamus do nosso tempo. Ela errou e acertou. As únicas previsões que gosto, meu caro… são as do Tempo, que deram para não errar mais. Eu gostava imenso do erro, a incerteza. A moça dizia “no fim de semana temos 80% de chance de chuva“… Era certeza de sol quente e céu azul. Agora, ficaram chatos. Passaram a me aborrecer com a precisão de suas aferições.
Catarina está sempre errada — diz contrários. Não faz previsões; apenas escreve por escrever somente a partir de suas emoções, imprecisas como tanto gosto. Eu me divirto com as reações que surgem a partir das leituras. Dessa vez, eu ofereci o Café e ela reuniu os doidos…
Bem-vindo a bordo!
Au revoir
Estou em atividade e amanhã, em pleno dia 25 de dezembro, colocarei à luz a minha resposta a essa bela missiva, Lunna! Bacio!