Caro 2023,
Escolhi os tomates pouco depois das dez. Ainda era trinta de um de dezembro. E ao cortá-los para o molho, comecei a pensar nos anos que se foram e me trouxeram até aqui. Não me demorei em nada. Foi ligeiro… como o mergulho de uma gaivota em águas marítimas.
Depois de uma última semana longa, quase imóvel… Cheia de domingos e vazias de segunda-terça-quarta, em que eu precisei repetir os dias em voz alta para tentar me localizar nesse estranho mapa humano — eis que aterrissei no último dia-hora.
Faltando dez minutos para a sua chegada, desisti de todos os rituais. Não queimei incensos e não rascunhei a velha missiva-futura dos outros anos. Eu não sou boa em repetir-me… e de tempos em tempos, sinto necessidade de mudar. Aconteceu de novo…
Eu optei por fazer uma receita da minha infância, que tantas vezes vi sendo preparada pela nonna, o babo e o tio P. — mas fiz à minha maneira, like Always. Não sabia, no entanto, se seria a primeira dentro de seus hemisférios ou se a última refeição de um ano que se alargou e colapsou lá pelos idos de 2019…
À meia noite chegou e passou, meu caro. Eu te saudei da varanda. A rua estava quieta. Algumas janelas em festa. Foi tudo muito tímido. Poucos fogos explodiram no ar… Eu agradeci pelos cães e por pessoas sensíveis aos barulhos que provocamos.
Conversei com a Jane dog… expliquei que haveria estrondos. Ela não se importa com as sonoridades. Mas há outros cães na cidade que sofrem e fogem. Pior, nem sempre conseguem voltar para casa e acabam expostos ao pior de nós. Alguns dão sorte…
Fiquei a vigiar os movimentos do bairro por alguns minutos. O céu decidiu de última hora… exibir lua e estrelas. Vez ou outra um grito de ano novo explodia no ar, ressoando em minha anatomia, que desejava realmente que fosse novo-outro. Cansei desse looping de dias e semanas com notícias velhas e frases tolas repetidas em bocas murchas.
É isso, meu caro 2023… seja bem vindo e peço apenas que seja gentil e cumpra com a sua sina de ser Novo, com todos os seus trezentos e tantos dias. Sei que o meu pedido não é fácil. A maioria dos anos caduca no minuto seguinte. Mas faça um esforço e seja Novo.
Faço minhas suas palavras. Abraço bem apertado e caloroso!
Lunna, tempo que não te faço uma visita, sinto por não ter tanto tempo para acompanhá-la… Sempre com lindas publicações… Sempre alcança o que almeja alcançar…
Desejo que 2023 seja um ano inspirador e que a Era de Aquário nos permita mais amor e menos ódio.
beijos
Creio que depende muito de cada um encontrar no Novo Ano algo de diferente e novo. Parece-me demasiado redutor pensar que “a maioria dos anos caduca no minuto seguinte”…
Com esperança e sempre com optimismo, desejo um 2023 com saúde, ternura e muita criatividade!
Eu acho que o ano já nasce velho e bem caduco.
Aqui no Brasil, as coisas só começam para valer depois do carnaval que esse ano será em fevereiro. Antes temos as férias, as chuvas intensas de janeiro e as contas mil do “ano novo”. hehehehehe
Mas a gente tenta feliz e mantêm aquele sorriso no rosto e vai fingindo um samba no pé.
Texto perfeito para retratar o momento, senti como se fosse minhas tuas palavras….
Muita Luz e Paz nesse Ano “novo, que começou agora, agorinha mesmo”.
Abraços
Adorei a carta e amei saber que ira participar do bloganuary.
Eu estou tentando voltar com o blog, mas ainda não vou me comprometer com postagens diárias.
Quem sabe 2023 me permite essa volta antes de caducar. hehehe
Feli ano novo LU
E quando me assusto, eis que a folhinha já marca o dia dois finalizando.
Aqui houve sonoros ruídos e me preocupei com os cães do vizinho, que foi para a chácara e deixou eles sozinhos.
Lolla e Yoshi se divertem com os fogos – sorte minha – e espero realmente que seja um ano bom.
Já bastam os quatro anos horríveis que paassamos.
Feliz Ano Novo, amore!
Grazie!
Fiquei vazio nestes dois primeiros dias… Acho que no terceiro, vou pegar no tranco… à força!
Se 2023 for um ano calmo, já tá valendo.