Carissimo O, O dia vai longe… já é quase hora do almoço do lado de fora dessa janela aberta que sou. E lhe confesso que, eu mesma, aqui dentro de minha pele: amanheço. Respiro fundo, atravesso a Rua, desejando deter meu passo e deixar essa gente apressada — uma manada humana — me ultrapassar porqueContinuar lendo “32 — A casa-alma foi ocupada pelo silêncio”
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31 — As mentiras que nos esquecemos de contar
Caríssimo P, Sai cedo para uma caminhada pelo bairro… antes de o sol despertar e aquecer a paisagem, caramelizando-a. Enquanto espiava a anatomia dos prédios e algumas casas sobreviventes, lembrei-me de nós dois e da nossa correspondência constante. Há tempos não lhe escrevo e não é por falta de tempo. Algumas frases se organizam emContinuar lendo “31 — As mentiras que nos esquecemos de contar”
30 — Uma porta que se abre em outro lugar
Caríssima A., …enquanto folheio sua missiva, observo a realidade que chega a minha varanda e me dou conta de que já se foram um punhado de dias desse ano. Espio a data no rodapé da tela e levou um susto… dezenove de março. Respiro fundo e penso no que fiz e não fiz… e me desprendoContinuar lendo “30 — Uma porta que se abre em outro lugar”
29 — Dentro do silêncio, mais silêncio
Carissima M Sento-me neste ‘meu canto do mundo’ — para onde escapo… em busca de paz. Respiro fundo, fecho os olhos e pronto… Uma espécie de halo se forma na realidade e eu mergulho no Abismo que sou! Na pele acontece a simbiose… Sou uma substância que sofre alterações a cada novo segundo: não sou maisContinuar lendo “29 — Dentro do silêncio, mais silêncio”
28 — Sinto falta de mim, em mim
Cara M., Eu sei que o silêncio é uma excelente forma de diálogo — para não dizer, não chegar. Sei que um quarto escuro tem ruídos sinceros. Enquanto no espaço de um café — entre esquinas — com suas mesas cheias — numa noite de sexta — é cenário comum para a solidão de muitos. AsContinuar lendo “28 — Sinto falta de mim, em mim”
27 — Pedras no caminho de ninguém
São Paulo, mais um ontem que vai longe… Meu caro, Hoje eu escrevo desse meu novo cenário… Cores e sombras se multiplicam pela paisagem. Estou gostando desse “retângulo” com móveis e tapete marrom na porta. Eu queria um vermelho, mas não consegui encontrar. E você sabe como tenho pouca — ou nenhuma — paciência paraContinuar lendo “27 — Pedras no caminho de ninguém”
26 — Em longas frases, digo coisas particulares, de nós dois
São Paulo, um ontem que vai longe… Caro mio, …nada sei de tuas paisagens a essa hora. Mas eu gosto imenso de imaginar o que é paisagem em teus olhos. Venho até a janela e vigio diferentes direções. Persigo um pássaro em seu vôo por cima das coisas e me distraio com o caminhar lentoContinuar lendo “26 — Em longas frases, digo coisas particulares, de nós dois”
25 — As palavras escritas em um futuro impossível
Cara F., A tarde de hoje não trouxe os trovões que eu esperava, apenas um silêncio imenso dentro das horas em pares — vividas, minuto a minuto, na companhia de um sem-fim de linhas. Li e re-li versos soltos, de autores vários… enquanto os meus olhos tratavam cada palavra como tesselas dispostas num tabuleiro eContinuar lendo “25 — As palavras escritas em um futuro impossível”
24 — Daqui a pouco eu saio da sua vida
Cara A.a …fiz uma pausa no meio da tarde para tomar uma xícara de chá e, como de costume, enquanto aguardava pela fervura da água, fui até a estante e voltei com um livro em mãos. Eu gosto imenso do meditar que o tempo de espera de uma xícara de chá, me permite. É comoContinuar lendo “24 — Daqui a pouco eu saio da sua vida”
23 — Queimávamos madrugadas de fio a pavio
Cara mia, Ainda há pouco… antes de me sentar aqui para escrever-te — abri o meu velho diário e um envelope antigo saltou lá de dentro… Foi ao chão. O recolhi… detendo-o em minhas mãos por alguns segundos — enquanto espiava o passado contido em seu avesso. Recordei tudo que foi e não foi… SentiContinuar lendo “23 — Queimávamos madrugadas de fio a pavio”