Eu nunca fui fã de pessoas… gostava imenso de manter uma relativa distância de humanos, por considera-los enfadonhos e aborrecidos. Figuras forjadas na primeira impressão — a que fica e tem validade. Estabeleci como meta — ainda jovem — não apontar o dedo para as cicatrizes alheias. Eu tinha as minhas e sabia o tempoContinuar lendo “Do que são feitos os meus personagens?”
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* um caderno que colecionava relatos de personagens antigos
Suzana Martins, in: “As Estações” Há quem diga que uma criatura que escreve só se torna um escritor após publicar um livro. Confesso que isso me diverte. Penso que um escritor se define ao caminhar pelas ruas de uma cidade, observando tudo com olhos de primeira vez: colhendo detalhes que ninguém mais no mundo inteiro,Continuar lendo “* um caderno que colecionava relatos de personagens antigos”
11 | As horas estão escritas num futuro impossível
Cara mia, Despertei há pouco, por volta das quatro horas de uma madrugada escura. Não me lembrava de ter adormecido… é assim quando adormeço sem a ciência de tê-lo feito. Acordo repentinamente… e dou pela casa às escuras e o corpo em suspenso. Demoro a me acostumar com as figuras em minha volta. Pareço uma sonâmbulaContinuar lendo “11 | As horas estão escritas num futuro impossível”
22 | Escuto o silêncio de boca-a-boca, de porta-a-porta
Quando começo a desenhar um personagem… passo horas inteiras a observar a vida em movimento — em busca de certos sinais. Narrativas dependem de pequenos detalhes que apenas a realidade é capaz de ofertar: a cor dos olhos, da pele, o jeito dos gestos, a maneira como o sorriso se precipita nos lábios, o tipoContinuar lendo “22 | Escuto o silêncio de boca-a-boca, de porta-a-porta”
38 — Um tempo para anoitecer à luz de lâmpadas
Cara M., Vim me sentar na varanda com alguns rascunhos antigos, em mãos. Xícara de chá ao lado e as janelas dos prédios da avenida com nome de pássaro como cenário. Há poucas luzes acesas nessa noite de domingo. A maioria exibe um brilho típico de televisão acesa… Eu gosto imenso de perceber o passadoContinuar lendo “38 — Um tempo para anoitecer à luz de lâmpadas”
35 — Não há outra verdade que se possa contar
Para M., Escrevo-te na primeira hora deste domingo-primeiro de abril… Tive um sonho agradável na noite que passou e acordei com vontade de sentir o chão debaixo dos meus pés. Nunca fui de andar descalça, como você. Incomoda-me sujar os pés. Mas, essa vontade floresceu em mim… Tem acontecido com certa frequência… vontade de água friaContinuar lendo “35 — Não há outra verdade que se possa contar”
O primeiro romance…
Na primeira vez em que me sentei diante da tela — depois de dizer em voz alta vou escrever um romance — abri o Word e fiquei a observar o branco da página. Alguém havia me dito que era o pesadelo da maioria dos escritores. Mas eu achei agradável. Havia qualquer coisa de paz eContinuar lendo “O primeiro romance…”
22 | * últimas coisas sem porquê, nem quando…
Faz algum tempo que eu sei que a minha memória é a grande vilã da minha realidade. Justamente eu que sempre tive preferência pelas vilãs dos filmes-livros. Torço por personagens erráticos, estranhos… que trava suas batalhas pessoais contra o sistema e os conceitos desde a infância — de alguma maneira eu compreendo suas imperfeições.Aprendi queContinuar lendo “22 | * últimas coisas sem porquê, nem quando…”
13 | Pessoas são personagens
Sai para andar a cidade e me equilibrar entre passos… rotina que se repete desde que a escrita passou a ser movimento dentro dos meus dias, em pares. Acabei no mesmo lugar de sempre — entre esquinas — a degustar do meu tradicional latte.Estava no segundo gole, quando os personagens do dia chegaram — três escritoresContinuar lendo “13 | Pessoas são personagens”
07 | A pessoa que não somos
“e eu sensível apenas ao papel e à esferográfica:à mão que me administra a alma”— Herberto Helder — Sai para andar calçadas, sem destino com lugares-espaços ou compromisso com a cidade. Era apenas eu, os meus passos e as coisas que trago dentro: personagens-tramas-enredos-canções-notas-para-daqui-a-pouco… e o desejo de ter em mãos um copo branco — venti — deContinuar lendo “07 | A pessoa que não somos”