Coloquei a água no fogo e comecei a separar as folhas de hortelã. Aroma delicado de folha verde no Ar. Fechei os olhos e voltei algumas casas, como naquele jogo da infância em que se joga o dado e avança o peão. Vez ou outra, o tabuleiro manda você recuar não sei quantas casas. EuContinuar lendo “Aos cuidados do meio-dia…”
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* Entalhadas nas nervuras do corpo ser — semente — flor
* Nirlei Maria Oliveira, As estações Ao observar a paisagem urbana que chega a minha varanda no meio da manhã de hoje, lembrei da primeira vez que sentei para escrever uma história… Eu abri um caderno em sala de aula… e corri o grafite pelas linhas — sem compromisso algum com regras literárias. Escrevi por escrever somente — umaContinuar lendo “* Entalhadas nas nervuras do corpo ser — semente — flor”
* um caderno que colecionava relatos de personagens antigos
Suzana Martins, in: “As Estações” Há quem diga que uma criatura que escreve só se torna um escritor após publicar um livro. Confesso que isso me diverte. Penso que um escritor se define ao caminhar pelas ruas de uma cidade, observando tudo com olhos de primeira vez: colhendo detalhes que ninguém mais no mundo inteiro,Continuar lendo “* um caderno que colecionava relatos de personagens antigos”
22 | Escuto o silêncio de boca-a-boca, de porta-a-porta
Quando começo a desenhar um personagem… passo horas inteiras a observar a vida em movimento — em busca de certos sinais. Narrativas dependem de pequenos detalhes que apenas a realidade é capaz de ofertar: a cor dos olhos, da pele, o jeito dos gestos, a maneira como o sorriso se precipita nos lábios, o tipoContinuar lendo “22 | Escuto o silêncio de boca-a-boca, de porta-a-porta”
Teoria do caos
“Estou naquela idade inquietae duvidosa que é um fim de tardee começa a anoitecer!” Machado de Assis Depois de uma semana inteira de muito trabalho… levei um susto ao me deparar com a bagunça que se estabeleceu em minha mesa. Não é uma novidade, eu sei. E mesmo assim me espanto como tudo se acumula,Continuar lendo “Teoria do caos”
Parece que, na miséria, tomamos consciência da nossa própria existência
Passei as últimas horas tentando escrever a biografia da minha personagem, que não é nova, mas não passava de uma transeunte em outra história. Eu gosto imenso quando as minhas personas migram de uma narrativa para outra, como aconteceu com Alice que, em seu momento de vida-e-morte — muito mais morte que vida — acabaContinuar lendo “Parece que, na miséria, tomamos consciência da nossa própria existência”
A janela indiscreta do meu olhar…
Passa das onze… as horas avançam em pares e a noite se esparrama por cima da cidade.Gosto imenso desse momento. Lembra um filme antigo-conhecido, em preto e branco. O dissolver da realidade como conhecemos. As preces crescem nas janelas que os meus olhos alcançam. Tenho essa mania desde a infância — observar esses espaços onde vez ouContinuar lendo “A janela indiscreta do meu olhar…”
os meus rituais de escrita
Uma das coisas mais difíceis na vida de um escritor é saber pontuar as histórias, atribuindo ritmo à narrativa. Uma das mais ingratas tarefas, sem dúvida, sendo superada apenas pelo desafio da folha em branco, que para muitos é intransponível. Eu considero o melhor momento… Adoro ver piscar o cursor no canto da tela doContinuar lendo “os meus rituais de escrita”
As mulheres que eu leio
É uma necessidade que me acompanha desde menina… contar histórias de mulheres que atravessam o meu caminho ou que observo de longe, em seus caminhos de vida. Mulheres são figuras múltiplas e não há nada de misterioso nelas, como a literatura escrita por homens fez questão de adjetivar durante muito tempo. As mulheres que conheci…Continuar lendo “As mulheres que eu leio”
uma velha casa no bairro
A primeira vez em que esbarrei nessa construção antiga foi num fim de tarde… eu gosto imenso de sair para caminhar para dar movimento aos meus pensamentos — o que permite escrever no ar, nas paredes do corpo… pontuando melhor as minhas futuras-frases. Essa casinha sobrevivente é uma das minhas paisagens favoritas… e não façoContinuar lendo “uma velha casa no bairro”