A minha paixão pelo Teatro…

Na semana que passou, uma amiga contou que foi ao Teatro e eu não consegui me lembrar da última vez em que fiz tal coisa. Era comum ir ao Teatro (uma-duas vezes por mês). Gostava em especial dos alternativos… como o Cemitério dos automóveis.

Assisti — naquele lugar improvisado — uma peça a respeito da solidão. Algo que chacoalhou as minhas estruturas. Precisei conversar a respeito do texto-peça-ator-diretor durante o café — tomado num espaço que vive os seus últimos dias. Mais um empreendimento luxuoso será erguido. Afinal, é tudo que a cidade precisa. Para que cinemas-teatros-cafés? Espaços onde encontrar outras criaturas-humanas? Existe uma carência imobiliária na cidade. Mas não é do tipo de moradia que será oferecida ali naquele lugar…

Para a minha decepção, a colega não deu continuidade ao diálogo porque não entendeu o texto e o achou aborrecido. O tema — segundo ela — era muito pesado. Respirei fundo e disse apenas para mim… Baudelaire tinha razão.

Outro espaço delicioso era o Teatro da Fábrica, que eu não sei se ainda existe ou se cerrou as portas. Assisti a um monólogo cansativo e nem daria para ser diferente, já que Cacá Carvalho visitava o subsolo de Dostoiévski. Saí exausta, com o corpo coberto por traças…

Não foi fácil pontuar a última peça assistida. Lembrei-me da comédia assistida no Teatro Brigadeiro, com Elizabeth Savalla. Um ensaio futuro… nos bastidores de um teatro em ruínas na Major Diogo. A peça com o Sérgio Mamberti… Visitando Sr Green, no teatro Renaissance em que ele aparece na pele de um solitário judeu ortodoxo. Uma das melhores versões desse texto que tive a oportunidade de assistir.

O Teatro é um lugar interessante e minha relação com ele é bastante estranha. Na escola fui obrigada a escrever uma peça — imposição de minha professora de literatura. Ninguém queria assumir a responsabilidade e coube a ela apontar o Norte. Meu protesto foi ignorado. Escrevi um texto furioso… e fim. Considerei que a minha aventura pelos palcos estava encerrada.

Quando optei pelo universo literário… um dos gêneros a serem desbravados foi o teatro. Frequentei uma oficina… na Mário de Andrade e outra no Sesc Consolação. Acompanhei de perto os processos de estudos e de criação dos personagens. Li inúmeras peças… de Shakespeare à Beckert.. Rascunhei alguns textos… com e sem supervisão. Foi um processo interessante, ao contrário da minha experiência anterior.

Com o advento da pandemia, fizemos algumas leituras de peças, via meet, com hora marcada. Cada um com suas respectivas falas. Foi divertido. Serviu para eu ter certeza de que o gênero dos palcos não é para mim. E isso é definitivo…