* Katia Kastañeda (labaredas)
De todo o processo de escrita, a fase em que me encontro — a conhecer os meus personagens — é a preferida e me faz passageira do verso escrito por Kátia Castañeda.
É como sair para andar ruas e no meio de uma multidão de ninguéns… esbarrar em um estranho qualquer — com desenhos de corpo em movimento ao Sol… olhar de horizonte distante-impossível. É prazeroso sabe-lo refém de meu imaginário… parte de uma história que se escreve — aos poucos — nas paredes do meu corpo!
Cada pessoa é um personagem! Essa é a loucura… Cada persona acena com a melhor das histórias arquivadas em suas memórias, prontas para serem escritas. Gosto imenso de observar os moldes e me debruçar neles — adequando primeiro o corpo, e depois a alma-memória.
Conhecer alguém… não é a mais fácil das tarefas. Convivi com algumas pessoas durante anos para, em algum momento, perceber que nada sabia a respeito daqueles humanos-estranhos com quem partilhava vivências. Tenho consciência que é impossível saber tudo, até por saber que nem sempre estamos disponíveis.
Conhecer personagens requer muito mais de si que do outro. É preciso cuidado para não transpor certos limites. É maravilhoso quando descubro alguém que conquista a minha atenção e permite que eu espie suas fôrmas e formas. Absorvo gestos… repetindo-os em meus músculos e nervos. Dou aos meus lábios o movimento de palavras. Aprendo o jeito do corpo. Me esqueço-abandono em algum canto — reinvento-me a partir de novos mapas! É como recomeçar a vida, reaprender a fala, os passos. Nascer de novo, no mesmo corpo.
Mas nem tudo é novo (fato) porque algo meu permanece intacto-preservado. Observo o verso escrito por Fernando Pessoa, que soa como resposta ao verso da poeta-contemporânea: — “primeiro estranha-se, depois entranha-se”.
Nesse novembro [entre outras coisas] vamos de #blogvember…
Aventuram-se em linhas diárias: Mariana Gouveia, Obdulio Nuñes Ortega,
Suzana Martins e Roseli Pedroso
Quando vi a frase sugerida para o Blogvember do dia eu me desmanchei… você sabe que eu sou a dinda dela e que sou apaixonada por ela.
Não resisti e hoje, me queimei em Labareda.
Depois, fiquei intrigada pelo personagem… viajei.
Grazie por isso!
E estou aqui a queimar entre uma frase e outra. Um deleite!
Grazie por trazer essas chamas!
Como é intrigante ver se revelar desconhecidos dentro de nós…
Ainda bem que “Labareda” chegou aqui.