O que me agrada na cozinha são as relações que traçamos a medida que dispomos os ingredientes. Não importa se eu cozinho para um-dois-três ou mais. O instante em que defino o que farei… é o melhor dos momentos. Penso os pratos-talheres-corpos-taças… a mesa. As panelas que irei usar e os ingredientes — que gosto de escolher com calma. Primeiro… através do tato e depois do aroma.
1 — na cozinha… tudo é ingrediente! Das pessoas que compartilham do lugar à mobília… o que se acomoda dentro dos armários e o que se oferece as mãos — xícara-talher…
2 — se eu disser tomate em voz alta… uma série de referências virá à mente. Eu penso em faca afiada, tábua… cebola-alho-azeite-salsinha-pimentão e nos diferentes tipos de massa. Penne. Fusilli. Capellini. Bavete… além dos tipos de molhos.
3 — Mas e se eu disser Sopa? — meu prato favorito. Regresso… mala pronta e a casa fechada. Uma sensação estranha na pele — por dentro — de nunca mais. Partir sempre foi algo estranho… ver pela última vez o lugar onde se vive-cresce. Chegar também me inunda — desde a infância — com curiosas sensações. Me desoriente. Demoro a me acostumar com as cores do lugar. A compreender as texturas e o lugar dos pés. A primeira noite na casa da nonna tinha caldo de massa, servido dentro do pão.
4 — Mas e seu eu disser trigo? Quantas possibilidades-cenários-lugares? Ontem-hoje-amanhã. Uma vasilha azul na infância… ovos a resvalar com cuidado na borda. Casca trincadas. Gema e clara se misturam ao leite e manteiga, açúcar e um punhado de sal. Uma colher de pau em movimentos lentos-circulares. A mesa de madeira de ontem… uma bola de massa sendo sovada-aberta-recheada, repetindo os movimentos da nonna.
5 — A cozinha é esse lugar para pensar-estar-combinar ingredientes, pessoas e diálogos… e se encontro pão amanhecido… fatio e douro no manteiga com alho. Cubro com queijo e levo ao forno para gratinar. Depois pergunto despretensiosamente: è servito?
6 — E se faz sol… preparo um café e sirvo com uma fatia de bolo de fubá. Mas se chove lá fora… combino trigo, leite, ovos, açúcar com baunilha, fermento e frito colheradas da massa. Breve, rápido como um bom poema de Sylvia Plath… leitura desse dia seis…
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Alê Helga— Darlene Regina — Obdulio Nunes Ortega
Isabelle Brum — Mariana Gouveia
catarina voltou a escrever 
Mais que beleza
A maior parte das vezes são as coisas mais simples e comuns que dão a sensação de satisfação plena, como essas bruschettas que me deixaram com água na boca e esses bolinhos de chuva. Pior que choveu até ontem e agora, como faço? Passo a vontade ou a língua na tela?
Um excelente fim-de-semana procê, viu?
Ps. Terminei de ler Alice e ainda estou por lá, em meio as ruínas daquele casarão.
bisous
Nesta altura da nossa realidade tão miserável, com vírus e tudo… temos que nos apegar a essas coisas nossas. Que delícia de post. Eu adoro o seu 6 on 6. Agora mesmo, eu adoraria me sentar-me contigo a comer qualquer uma dessas vossas receitas tão antigas quanto tu ou mais. Levaria um bom de tinto para nos acompanhar E até poderíamos falar do estado do país, das coisas do mundo e de livros e de exposições. Soubestes que teu museu favorito vai reabrir? Será em junho, já temos data…
beisitos
Sabe que quando viajavas a casa de meus avós também comia sopa, mas era de macarrão. Nunca comi caldo de massa. Fiquei curiosa por saber como seria. Deve ser apetitoso, sendo coisa da tua nonna.
E concordo com a Lua nova, senti vontade de lamber a tela e recolher um bocadito de açúcar desses bolinhos de chuva. E aqueles pães? Hummmmmmmmm
baci
Cozinhar é ser-se criativo. É arriscar conjugações. Há tempos brinco disso por aqui. Sou bom com omeletes e arroz.
Achei deliciosa as suas fotos, deu fome.
Uma bom fim de semana para si e com muitos ingredientes.
Soube que o vírus chegou a tua cidade, cuide-se.
Se uma palavra me toca agora é saudade! Dessa mesa e desses sabores. Já te contei que faço uma vez por mês a bruschetta que vi/comi/sorvi e poesi( eu inventei esse termo, viu?) aí, do seu lado, com Jane dog ao pé de mim…
A polenta, pelo menos uma vez por semana – e para alegria minha, o amor daqui pede, viu? – e esse pão. é qualquer coisa de pecado, rasgado, suado e amado… Mas não consigo nunca fazer igual a tu. É quase igual minha mãe. Uma alquimia de misturas e temperos e que mais do que ganhar o estômago… ganha a alma…
Ah, mas essa… tu ganhou com poesia… e trovões… Luuuuunnaaaaaaa!
Eu simplesmente amei o tema, as fotos e as palavras!! E confesso que me deu água na boca!
A cozinha sempre foi um dos meus lugares favoritos, lugar de aromas e lembranças. Saudades. De ideias e criatividade. E de calmaria e pensamentos também. Um lugar especial, para se estar só ou acompanhado.
Amei demais!
Bacio,
Ah, as fotos estão tão lindas e apetitosas, deu água na boca! Cozinhar é um dom, quando se faz com carinho e amor tudo fica mais gostoso. Lembrei de meu pai e os pratos maravilhosos que ele fazia, incluindo pizzas, pães e até iogurte. Para mim a cozinha é sempre alvo de boas lembranças.
A cozinha talvez seja o cômodo menos frequentado da minha casa, não gosto e não sei cozinhar. Sou boa mesmo comendo rs. Contraditoriamente (ou não) adoro ler posts sobre pessoas que tem essa relação especial com o ato de cozinhar, é algo tão distante da minha realidade que me encanta. Além disso, adoro seus posts do 6 on 6 porque as fotos são sempre acompanhadas de palavras que nos permitem senti-las, contextualizá-las e ir além de apenas observar imagens. E com esse não foi diferente, adorei cada foto e cada texto que a acompanhava.
Fotos e palavras deliciosas! A conexão de imagens, palavras e sabores sempre desperta sensações, mas sua habilidade impressiona 🙂
Quanta sensibilidade… cozinhar é mesmo poesia para os que gostam. Adorei seu post.
Gente, não sei por que, mas esse “na cozinha… tudo é ingrediente!” me marcou de uma forma… Acho que porque eu nunca tinha pensado nisso. Belo texto, cheio de significado, sonoridade – e sabor ♥
Que delícia de post, Lunna, me deliciei aqui! Senti todos os aromas e quase que sinto os sabores também. Me peguei viajando no tempo para a infância comendo bolinhos de chuva e em dado momento da vida saboreando bruschettas. Ah, querida, quem dera houvesse uma receita ensinando a viver também.
Que 6 on 6 mais gostoso foi esse… Ele alimenta o olhar, isso sim!
Acho lindo pessoas que amam cozinha. Detesto, mas queria amar, então admiro quem consegue. Sua fala sobre a sopa foi minha favorita. Como pode alguém não gostar do ar intimista da sopa, não é mesmo?
Amei sua associação dos ingredientes a tudo que os circunda.E realmente a essência de uma receita, não são apenas os itens que prepara o prato, mas todos que estão envolvidos em sua preparação. Amei de paixão mesmo esse post, pois venho de uma família com chefs de cozinha (minha mãe é uma) e captei cada palavra do seu texto. Parabéns!!!
Bacio
Acho que eu nunca tinha visto um 6 on 6 que mexesse comigo em tantos sentidos diferentes: minha boca está cheia d’água e não canso de admirar as fotos, mas o que foi alimentado de fato foi alma… Ansiosas pelos próximos dias 6!
Vc me deu fome
Que viagem de aromas e memórias, Lunna!
Bacio!
Gostei bastante do artigo de hoje, sempre estou aqui acompanhando seu blog. Tenho aprendido muitas coisas legais aqui.
Beijos 😘.