Escolhi a trilha sonora para espiar os dias-semanas-meses — cannonball do damien rice — e vim me sentar aqui, na varanda… esse meu-cenário-lugar desde que a realidade eclipsou.
Alguém me disse que estava a viver um sábado depois do outro… o que me fez sorrir, já que tenho imenso apreço por esse dia, que me remete a infância e é uma espécie de Norte para a pessoa que sou. Quando me sento para escrever… amanheço dentro de desses sábados que trago na memória.
Esse 6 on 6 foi como revirar um antigo álbum de fotografias e dar por ausências sentidas de todas as coisas que não fiz-vi-senti.
1 — janeiro… quando tudo ainda era novo e a gente fazia planos para os dias seguintes. Nos reunimos entre esquinas para celebrar a segunda edição de Alice… abraços, sorrisos, café e sonoras conversas sobre tudo e nada.
2 — fevereiro… e o Carnaval a bater a nossa porta. Era preciso esperar para começar o ano e dar corda nos planos…
3 — março… nos mudamos de bairro-casa. Eu gosto imenso de levar minhas coisas para outros lugares-cenários e me acostumar ao espaço.
4 —abril... foi um mês estranho, com notícias de uma realidade em colapso e as fragilidades humanas escancaradas, nos tornamos reféns do invisível. Os cenários se esvaziaram… e a distância tão aclamadas-desejadas por tantos, foram estabelecidas. Foi um atravessar de ruas constante e o que se julgava necessário e temporário, virou rotina…
5 — maio… nos adaptamos ao novo modelo social: viver dentro… conviver apenas com os nossos corpos e evitar os outros, que pareciam estar a viver em uma realidade paralela à nossa.
6 —junho… ainda sem respostas para as coisas do mundo que inventamos a partir dos nossos exageros. Sem vacinas, medicamentos e ainda reféns do invisível — a se adaptar, ao tal novo normal e a reinventar caminhos para dentro…
Darlene Regina — Obdulio Nunes Ortega — Mariana Gouveia
6×6 de vida.
Uau, Lunna! Amei cada foto e acho até que uma ou outra até acompanhei nas redes sociais. Cara, janeiro me deu até uma pontada de saudosismo melancólico! Mas a foto que mais gostei foi a de março. Mês do meu aniversário. Na verdade, meu aniversário foi o primeiro dia da quarentena (14/3). Sua foto é linda! E espero que o próximo mês de março nos seja de bons momentos, não tão estranhos como foi nos adaptar e chegarmos em abril, maio, junho de 2020…
Que post mais incrível, Lunna, embora também tenha me gerado melancolia. Nas primeiras fotos (não só suas, mas minhas também) tem várias pessoas e espaços abertos. Daí não muito tempo depois a gente se vê aqui: tendo que ficar enfurnado dentro de casa o máximo que conseguir, se mantendo longe das pessoas (eu queria tanto dar uma abração na minha melhor amiga agora) e usando máscara nas ruas. Ok, eu divaguei aqui, mas é que é tudo tão estranho…
Mas enfim, fiquei com vontade de fazer um post parecido com o seu. Eu amei as fotos ❤
Amei as fotos. Esses seis primeiros meses do ano tem sido bastante estranhos. Este tão aclamado “novo normal” me assusta deveras, pois há tantas incertezas e atrocidades neste contexto… Sigamos resistindo, existindo e escrevendo.
Beijos!
O post ficou incrível, tanto nas imagens quanto nas palavras. E acho que já deve ter percebido o quanto amo fotos!
Já passei por um post hoje do 6 on 6, que eu gostei muito do tema e estou revivendo meus meses a cada foto.
E o que mais chamou minha atenção, foi esse finalzinho: “a se adaptar, ao tal novo normal e a reinventar caminhos para dentro…”
Define tão bem nosso momento atual.
Parabéns pelo post!
Bacio.
Acabei de ver os post 6 on 6 no blog da Darlene e disse que fiquei aqui me perguntando quais fotos eu escolheria para cada mês. Depois de ver os post dela e o seu suponho que todas essas retrospectivas teriam em comum o contraste entre janeiro e agora, tantos das fotos em si quanto dos sentimentos que nos habitam e são retratados pelas fotos… em janeiro eu imaginei esse anos tão diferente! Programei tanta coisa… felizmente, algumas eu continuo dando andamento, mas tantas outras foram adiadas e dentre essas as que mais lamentos são os encontros que não aconteceram e sabe-se lá quando vão acontecer.
Lunna, foi mesmo o percurso do ano: começou com os abraços quentes e, agora, estamos isolados, nestes caminhos por e para dentro. Oxalá nos aprofundemos nestes percursos e saiamos mais fortes e humanos!